Seguindo nossa série especial do Mês nacional da Alfabetização, continuamos celebrando as histórias que moldaram nossos redatores como leitores. A cada conversa, revisitamos lembranças que mostram como o primeiro contato com os livros pode transformar trajetórias, despertar curiosidades e acender o desejo pelas palavras.
Desta vez, a conversa é com Anna Flávia Lopes, editora-chefe da editoria de livros, que compartilha as leituras que marcaram sua infância e o impacto que tiveram em sua relação com a literatura. Mais do que uma lembrança, é um convite para refletir sobre como a leitura abre caminhos e nos acompanha ao longo da vida.
Qual foi o primeiro livro que você leu? Ele te marcou de alguma forma? Como ele chegou até você?
O “Segredo da Amizade” de Wagner Costa. Um livro infantil que conta a história de uma Rosa e do Vento, solitários, eles buscam um amigo, até que conhecem o raio de sol. Ele me marcou porque eu fiquei me perguntando como a Rosa e o Vento, sendo tão bondosos, não tinham nenhum amigo. Isso me deixava triste. Conhecer o Raio de Sol foi muito alegre para eles. Ele chegou até mim na escola, era um livro da Biblioteca.
Os livros que você leu na infância e adolescência ajudaram a te aproximar da literatura?
Sim. Quanto mais eu lia literatura contemporânea e fábulas, por exemplo. Eu sabia que eram ótimos trabalhos, no entanto, não era o que eu mais gostava. Descobri o meu gosto pelos clássicos e por mistérios que se passam nos séculos passados por essa razão.
Você tem um livro preferido? O que faz dele o seu favorito?
Meu livro favorito é “Mulherzinhas” de Louisa May Alcott. Quando pensamos no século XIX, vemos uma sociedade arcaica e opressora às mulheres, o que é uma verdade. Mas as quatro protagonistas desafiam essa lógica e conseguem alcançar seu lugar no mundo, principalmente Josephine March (eu amo o nome Josephine, apesar de ela ser chamada de Jo), que consegue realizar seus sonhos através da educação e da escrita.
O que te motiva (ou te desmotiva) a continuar lendo?
Interessante. Muitas vezes penso que nada pode me desmotivar a ler, que independentemente de qualquer coisa eu continuarei lendo. O que me motiva é que escrever é minha vocação e que um bom escritor deve ser um leitor. Outra motivação é que ainda existem obras maravilhosas para serem lidas, e, felizmente, novos talentos surgem todos os dias. Não sei se desmotiva é a palavra certa, mas devido à minha rotina, muitas vezes eu leio menos do que gostaria.
Leia também: Dia Mundial da Alfabetização | Como incentivar a leitura na infância
Se pudesse esquecer o enredo de um livro para lê-lo novamente como se fosse a primeira vez, qual seria?
“Aristocratas” de Stella Tillyard. Apesar de dizer que Mulherzinhas é o meu livro favorito, “Aristocratas” me marcou muito. Conta a história das quatro irmãs Lennox, famosas no século XVIII, com uma riqueza de detalhes que me impressionou. Como pesquisadora de história, eu sinto vontade de ler e reler essa obra muitas vezes.
Existe algum livro que você acha que todo mundo deveria ler pelo menos uma vez na vida?
“Persuasão” de Jane Austen. É uma lição sobre como você nunca deve deixar a opinião dos outros influenciar suas escolhas. E apesar de ser um livro de outra época, continua atual.
Imagem de capa: Amazon
══════════════════════════════════════════════
📲 Entre no canal do WhatsApp e receba novidades direto no seu celular e Siga o Geekpop News no Instagram e acompanhe conteúdos exclusivos.