Tem clássicos da literatura que mesmo quem não leu, conhece muito bem a história. “Alice no País das Maravilhas” está entre uma das narrativas mais populares e abraçadas pelo público, Escrito por Charles Lutwidge Dodgson sob o pseudônimo de Lewis Carroll, o livro encara o lúdico de forma inusitada, com referências ao expressar de criança, mas mantendo a filosofia e a reflexão de forma profunda. Fica inegável que a obra é um grande clássico diante da popularização.

Os anos passam, mas a história da menina que se aventurou em um mundo muito louco e mágico, ainda traz ao imaginário imagens bastante conhecidas, como tantos personagens que ficam marcados por décadas e, por que não dizer, que atravessa séculos?

O Coelho misterioso que se enfia na toca, a Rainha de Copas, O Chapeleiro Louco e o Gato de Cheshire (tão sorridente) trazem imagens claras e referências, conhecemos bem estes personagens, além da história contada em um mundo encantado, que parece (literalmente) ter saído de um sonho. 

Sobre a história de “Alice no País das Maravilhas”

Dificilmente encontramos alguém que não conheça pelo menos um pouco da história, mas como sempre é tempo para aprender, vale resgatar a imagem da menina criança que sai do jardim de casa e, atraída por um Coelho com um relógio anunciado que está atrasado, acaba indo parar em um mundo que tudo é possível, por mais que pareça absurdo. 

Alice conhece personagens e aprende, por meio de enigmas, o que é ser alguém com a imaginação tão fértil. 

Se aprofundar demais sobre o que é esta narrativa é praticamente impossível, pois é um fato que cada aventura tem a própria particularidade e transporta qualquer adulto para a essência do ato de criar. 

Mas você também, caro jovem, pode conhecer pela frase recitada por vários coaches na internet, dita originalmente pelo Gato Cheshire “Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve”

Mas peço aqui licença para destacar abaixo o trecho exato no livro em que acontece o encontro de Alice e o Gato. 

Imagem: Reprodução trecho do livro "Alice no País das Maravilhas
Imagem: Reprodução trecho do livro “Alice no País das Maravilhas

Um marco da literatura clássica

A obra está para completar 160 em 2025 e o livro, enfim, pela notoriedade e popularidade, pode ser tema das provas do vestibular Unicamp para as próxima três edições. 

E, apesar de ser um livro escrito em 1865, a história não é difícil de compreender (apenas para os sem imaginação), pois o trabalho de elaboração traz muita fluidez nas palavras, dando um toque especial para que cada geração interprete da própria maneira. É possível que nos identifiquemos de formas diferentes ao lermos a obra em momentos variados de nossas vidas.

A nova edição que chaga ao Brasil, lançada pelo Grupo Editoral Edipro, pelo selo Via Leitura, com a capa feito pelo ilustrador, quadrinista e design gráfico Thiago Souto, preserva o texto integral da 1ª edição, contendo, além de tudo, as ilustrações que fazem a aventura pela fantasia ser ainda melhor.

Em 1951, foi produzida por Walt Disney, a animação que conta a história de Alice. O longa mistura elementos dos dois livros escritos por Carroll, pois o “Alice através do Espelho” é o que dá continuação às aventuras da menina. 

Portanto, o filme mescla um pouco de cada aventura explorada entre os livros, o que de fato deixa a narrativa ainda mais envolvente.

Em 2010 conhecemos o live action da obra, que também traz outro aspecto filosófico diante da narrativa criada por Lewis Carroll.

Mas “Alice no País das Maravilhas” não é para crianças?

Ler “Alice no País das Maravilhas” foi um resgate para mim. Eu sempre prometi para mim mesma que iria ler, mas sempre deixava para planos que nunca pareciam próximos. 

Quando iniciei a leitura, acreditei que o veria seria exatamente apenas as imagens retornando sobre o que foi o filme para mim (pois na infância assisti muito ao desenho), com algo leve. 

Acertei neste ponto, mas também me surpreendi muito mais. 

A história vem repleta de reflexões e filosofias. 

É uma Literatura absurda, em um mundo que parece ao contrário, com muita liberdade do ser. Saí desta experiência literária me sentindo ainda mais criativa, pois é um fato que as leituras fantásticas nos estimulam a ser mais criativos, tem motivação para criar e sentir que a vida pode ser muito mais óbvia do que de fato julgamos. 

Os diálogos nos fazem perceber que existe pressão demais para que as coisas façam sentido nos nossos dias de adultos, mas muitas vezes a resposta está na loucura sincera. 

Imagem: Reprodução da capa do livro "Alice no País das Maravilhas",  produzida pelo ilustrador Thiago Souto
Imagem: Reprodução da capa do livro “Alice no País das Maravilhas”, produzida pelo ilustrador Thiago Souto

Sensações durante a leitura

Antes de tudo, um dos capítulos que mais me marcaram foi o que Alice encontra a Lagarta, em que a pergunta que paira no ar (literalmente no filme), solta pelo ser que está prestes a virar borboleta é “Quem é você?”, questão essa que nos ronda por toda a vida e, para algumas pessoas, traz até aquela crise existencial. 

(…)

“Eu… Eu não sei bem quem sou neste momento. Pelo menos, sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas acho que já devo ter mudado várias vezes desde então” 

(…)

É extremamente leve e não queremos parar de ler nunca mais. Dá até um aperto no coração quando estamos concluindo, ainda mais por ser um livro bem curtinho. Os dois são. Fáceis de ler em um dia, bem descontraído. A obra desperta nossa criança interior, pela memória afetiva e pelas reflexões, que até nos fazem perceber que muitos problemas que criamos têm soluções bem simples, fazendo perceber que a resposta está na loucura mais sincera.

Assim, um insight muito forte que me marcou sobre a vida, em relação à leitura, foi de que sempre parecemos querer resposta para agora e tudo precisa ser objetivo demais, porque precisamos ter controle de tudo, o tempo inteiro. Ler Alice no País da Maravilha me fez retornar ao tempo de que tudo era mais leve e por isso, tudo parecia dar mais certo.

Uma fala da Rainha Branca, vinda do segundo livro me marcou e me fez pensar:

Imagem: Reprodução trecho do livro "Alice Através do Espelho"
Imagem: Reprodução trecho do livro “Alice Através do Espelho”

Sobre Alice Através do Espelho

O segundo é uma continuação das aventuras de Alice em um mundo mágico, com criaturas, que como a própria protagonista pensa com os botões no primeiro livro “Gostaria que essas criaturas não se ofendessem com tanta facilidade!”

Alice entra em um espelho e vivência mais do absurdo, fazendo com que até fiquemos em dúvida do que é uma realidade e o que é ficção. Mas, isso importa?

Então, você pensou?

Porque para Alice e os leitores que a acompanham “Poucas coisas são impossíveis”