A literatura brasileira viveu um marco histórico em 10 de julho de 2025. Nesse dia, os imortais da ABL elegeram Ana Maria Gonçalves para a cadeira nº 33. Com essa conquista, Ana Maria se tornou a primeira mulher negra a integrar a Academia Brasileira de Letras em 128 anos de existência.

Além disso, aos 55 anos, ela passou a ser a imortal mais jovem do quadro atual, marcando duplamente essa vitória simbólica. Ana Maria Gonçalves conquistou leitores e crítica ao lançar “Um Defeito de Cor” em 2006, romance que se tornou referência na literatura contemporânea. Na obra, ela narra a trajetória de Kehinde, mulher africana escravizada que atravessa o século XIX em busca do filho perdido. Com essa história, Ana abordou temas como memória, ancestralidade e resistência, dando voz à experiência negra com lirismo e contundência.

Entre 31 votantes, 30 escolheram Ana Maria Gonçalves, o que consolidou uma vitória expressiva e simbólica para a diversidade na ABL. A autora recebeu o Prêmio Casa de las Américas em 2007 e viu seu livro ser eleito o melhor do século XXI pela Folha de S.Paulo. Além disso, Um Defeito de Cor inspirou o enredo da Portela no Carnaval de 2024, unindo literatura, samba e identidade negra. Ana Maria também se destacou no exterior, atuando como escritora residente em Stanford, Tulane e Middlebury, nos Estados Unidos.

Além de escrever, ela ministra oficinas de criação, promove debates literários e participa de projetos culturais voltados à ancestralidade e à justiça social. Ao se tornar imortal, Ana Maria não apenas marca seu nome: ela amplia os caminhos da literatura e inscreve a memória negra no centro da cultura.