A escritora Monique Malcher aborda sofrimentos e injustiças no livro “Degola” da Companhia das Letras. Ela consegue encontrar uma “medida entre a ternura e a violência” ao contar a história de Sol, uma jovem que vai viver com a família em uma ocupação. No entanto, a moradia traz desafios, uma vez que quando chove, tudo vira barro. 

Assim, Sol modela pequenas criaturas e depois as esmaga. Ela sente uma estranha satisfação em destruir o que ela mesma criou. Já adulta, Sol aprende que precisa conseguir um caminho para a transformação. Essa passagem da infância para a vida adulta é descrita pela autora com maestria. 

A obra mostra os desafios de viver em condições adversas, uma vez que o local tem fama de perigoso. A ocupação de terra fica em Manaus, trazendo memórias que evidenciam a diferença entre o sofrimento humano e a injustiça social. 

Monique Malcher retoma a história e o simbolismo da Zona Franca de Manaus, que atraiu para o Amazonas, milhares de migrantes em busca de uma vida melhor. Dessa forma, “Degola” é um exercício de criação e imagem. A autora consegue unir a precisão da poesia com a complexidade da narrativa. 

Sobre a autora

Monique Malcher de Carvalho nasceu em Santarém, no Pará. Além de escritora, ela é jornalista, antropóloga e artista plástica. É doutora em estudos de gênero pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mestre em antropologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Venceu o Prêmio Jabuti na categoria contos com o seu livro de estreia “Flor de gume” (2020).