Hoje 13 de outubro, é celebrado em todo o mundo o Dia Mundial do Escritor. Esta data é globalmente reconhecida para homenagear e reconhecer a contribuição de escritores de todas as nações, não apenas para a literatura, mas também para a cultura e a história.
A data também é um convite a refletir sobre o papel crucial do escritor na sociedade. O escritor muitas vezes é responsável por dar voz a questões sociais, registrar a memória de um povo e, mais importante, estimular o pensamento crítico.
A vencedora do Prêmio Nobel de Literatura Annie Ernaux é um dos maiores nomes da literatura contemporânea. A escrita da autora ultrapassa a fronteira entre o pessoal e o político. Dessa forma, o leitor analisa a própria vida e as experiências pessoais seguindo os passos da autora.
Assim, ao invés de contar uma história apenas para emocionar, Ernaux usa sua autobiografia como uma ferramenta de análise sociológica. A escritora sempre deixou clara a ideia de escrita como ferramenta social e entende a importância dessa missão. Por isso, para refletir sobre a missão social do escritor, selecionamos cinco frases de Annie Ernaux para analisar qual o poder da escrita.
Se eu tivesse uma definição para a escrita, seria esta: descobrir, ao escrever, o que é impossível de descobrir por qualquer outro meio, fala, viagem, espetáculo, etc. Nem pela reflexão por si só. Descobrir alguma coisa que não existe antes da escrita. Aí que está a fruição – e o terror – da escrita, não saber o que ela faz aparecer, acontecer.
A definição mais profunda de Annie Ernaux sobre o valor da escrita. Para a escritora, a escrita é um ato de criação cognitiva. Não é apenas uma transcrição de pensamentos pré-existentes, mas sim um catalisador para o novo.
É o escrever que organiza, conecta e ilumina ideias e sentimentos de uma forma que a conversa ou a simples meditação não conseguem. Assim, o que foi escrito, revela sobre o escritor fatos sobre si mesmo que ele desconhecia.
“É a falta de noção do que estamos experimentando quando o vivenciamos que multiplica as possibilidades de escrever.”
Nessa frase, Annie Ernaux afirma que a experiência vivida e a consciência total dessa experiência não ocorrem simultaneamente. Assim, quando estamos vivendo um momento, a ação não nos permite ter a noção real da experiência. Portanto, a escrita traz todas as possibilidades de interpretação do que aconteceu, justamente por esse distanciamento temporal.
“Ter vivido uma coisa, qualquer que seja, dá o direito imprescritível de escrevê-la.”
Esta frase pode ser uma crítica à censura e às críticas que muitos escritores sofrem sobre a liberdade de escrita. Desse modo, o escritor tem total legitimidade sobre a sua vida e não precisa de permissão para transformá-la em literatura.
“Ao escrever, caminha-se no limite entre reconstruir um modo de vida em geral tratado como inferior e denunciar a condição alienante que o acompanha.”
Nesta frase, a escritora afirma que a escrita e a literatura são formas de crítica social. Assim, a partir de sua própria experiência, uma vez que ela veio de origem humilde e ascendeu socialmente, a autora defende que a literatura deve ser utilizada como forma crítica, naturalizando a “vergonha” de algumas situações.
“Sinto a escrita como uma faca, é quase a arma de que preciso.”
Por fim, uma das frases mais marcantes de Annie Ernaux, a faca, simboliza a escrita, uma ferramenta para romper com a realidade. A escrita é a ferramenta que a escritora usa para enfrentar as estruturas de poder que marginalizam e tentam silenciar vozes.
O Dia Mundial do Escritor celebra em todo o mundo os profissionais que usam a escrita para mudar o mundo. A função social da literatura e da cultura, no geral, causa impactos significativos na vida de todos, mesmo que em um primeiro momento isso não fique claro.
O GeekPop News deseja a todos os escritores e a todos os profissionais que se dedicam à escrita um Feliz Dia Mundial do Escritor!
