Os filmes-concerto conquistam fãs, movimentam bilheterias e transformam o modo de viver a experiência nas salas de cinema
Do k-pop aos artistas brasileiros, cada vez mais os shows musicais estão ocupando as salas de cinema. O formato filme-concerto está transformando as telonas em palcos, levando milhares de fãs a lotarem sessões e conquistando recordes de bilheteria.
Além disso, essas exibições também transformam o comportamento do público dentro do cinema. A reação dos fãs diante do espetáculo musical de seu artista favorito é bem diferente daquela provocada por um drama ou uma aventura. Em muitos casos, os próprios artistas incentivam a plateia a agir como se estivesse em um show: cantando, dançando e interagindo com as músicas.
Entre a acessibilidade e a escassez de sessões, os filmes-concerto promovem uma nova forma de vivenciar o cinema e movimentam o mercado audiovisual, oferecendo aos artistas novas oportunidades de expansão do alcance de seus trabalhos.
LEIA MAIS: Cinemas itinerantes | Como iniciativas podem promover a maior difusão cultural
Um espaço de conexão entre os fãs
As exibições dos filmes-concerto criam um ambiente de interação entre fãs, além dos shows e das redes sociais. Eles dançam, cantam juntos e fazem novas amizades, unidos pela admiração ao mesmo artista. Ademais, nesse contexto, surge um sentimento de segurança e cumplicidade: todos sabem que, naquele espaço, sua devoção não será julgada ou ridicularizada.
Ariane Camillo, fã de k-pop que recentemente assistiu ao BTS Movie Weeks no cinema, ressalta que, além de gerar conexão entre os admiradores, o formato permite que quem não pôde ir ao show – seja pelo custo elevado dos ingressos ou pela logística complicada, que inclui viagens para as poucas cidades que recebem os eventos -, experimente parte da emoção do espetáculo ao vivo.
“É uma experiência muito única e divertida, porque você está ali dentro com pessoas que gostam da mesma coisa que você. Além disso, o cinema se torna um ambiente confortável e mais acessível para quem não consegue ir aos shows ao vivo.”
No entanto, as sessões ainda não alcançam todo o público. Poucas redes de cinema exibem esse tipo de produção, deixando muitos municípios de fora. Mariana Donato, moradora do Guarujá (SP), relatou as dificuldades que enfrentou para assistir Taylor Swift: The Eras Tour no cinema:
“Acredito que nem todo cinema está preparado para esse tipo de evento, mas é um formato de entretenimento que ainda pode crescer muito, ocupar mais espaços e alcançar mais redes de cinemas. Isso foi um grande problema na época em que assisti ao show, pois ele não estava disponível na minha cidade e precisei ir ao município vizinho para ver o filme. Os fãs estão por todo o Brasil, ansiosos para ter qualquer tipo de interação com os artistas que gostam.”
Desse modo, esses desafios mostram que ainda há um longo caminho até que o formato se torne realmente acessível e disponível para todos.
Números de audiência e recordes
O sucesso dos filmes-concerto também se reflete nas bilheterias. Em 2022, BTS Permission to dance on stage — Seul arrecadou US$32,6 milhões, sendo a terceira maior bilheteria global no fim de semana de estreia, segundo a Trafalgar Releasing. Aliás, a obra ficou atrás apenas de “Batman” e “Uncharted: Fora do Mapa”, respectivamente.
Outro caso emblemático é Taylor Swift: The Eras Tour. Lançado em 2023, o espetáculo tornou-se o filme-concerto mais lucrativo da história, superando Michael Jackson: This Is It. Ao todo, foram mais de US$261,6 milhões arrecadados, de acordo com a Variety. Ademais, a obra também recebeu uma indicação ao Globo de Ouro na categoria Conquista Cinematográfica e de Bilheteria.
Além da devoção dos fãs, outro fator que impulsiona os recordes de audiência e lucro é a sensação de urgência. Muitas dessas obras são exibidas por um período curto, geralmente entre um fim de semana e uma semana inteira. Além disso, após o término das sessões, nem sempre os filmes são disponibilizados em outras plataformas, como os serviços de streaming. Assim, o público corre para garantir os ingressos antes que esgotem.
Shows nacionais também encontram espaço no cinema

Não são apenas artistas internacionais que estão levando seus shows às telas. Os músicos brasileiros também começaram a explorar esse mercado.
Em 2023, a banda mineira Lagum levou aos cinemas a gravação da turnê “Depois do fim”. Com ingressos gratuitos, a pré-estreia ocorreu em seis capitais brasileiras: Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Manaus e Salvador.
Além disso, após o sucesso estrondoso da “Superturnê”, Jão também transportou seu show para as salas de cinema. Lançado em 2025, o filme Superturnê: A Primeira e A Última Noite, assim como o nome sugere, reúne filmagens da primeira e da última data da série de apresentações.
O longa ocupou mais de 60 cinemas pelo Brasil. Aliás, a demanda por ingressos foi tão grande que, em menos de uma hora de vendas, 95% das sessões estavam esgotadas, com mais de 20 mil bilhetes vendidos. Diante disso, as redes de cinema triplicaram o número de exibições para atender aos fãs.
Assim, esses exemplos mostram que há espaço para produções de artistas brasileiros competirem com grandes nomes internacionais, consolidando o cinema como um novo palco para cantores e bandas do mundo inteiro.
Imagem de capa: John Shearer/Getty Images
══════════════════════════════════════════════
📲 Entre no canal do WhatsApp
e receba novidades direto no seu celular e
Siga o Geekpop News no Instagram
e acompanhe conteúdos exclusivos.