Se você já teve um desejo inexplicável de passar horas em uma biblioteca antiga, rodeado por livros, vivendo dias chuvosos, usando suéter de tricô, tomando café enquanto escreve em um caderno, provavelmente você já flertou, de forma consciente ou não, com a estética Dark Academia.
Mas, esse universo vai muito além dos moodboards no Pinterest. Nos últimos anos, a Dark Academia deixou de ser apenas uma referência visual para se consolidar como um fenômeno cultural. Esse nicho pode ser encontrado em filmes, músicas e, claro, na literatura.
O que é Dark Academia?

Dark Academia pode ser traduzida livremente como “Academia Sombria”. A estética nasceu no universo digital e ganhou popularidade nas redes sociais, principalmente nas comunidades do Tumblr, Pinterest e TikTok. O movimento se intensificou durante a pandemia da COVID-19, talvez como uma forma de buscar conforto e conexão em ambientes virtuais que remetem a um passado idealizado.
Apesar disso, o nicho tem raízes que dialogam diretamente com o romantismo, o existencialismo e a busca incessante por saberes clássicos. Visualmente, ela mistura roupas sóbrias, como blazers, suéteres, saias plissadas, meias longas e sapatos oxford, com ambientes que remetem a bibliotecas antigas, universidades tradicionais e jardins tomados pelo outono.
Ainda assim, há um certo romantismo sombrio que a permeia. Elementos como cartas escritas à mão, cadernos preenchidos com anotações caóticas, livros de filosofia, música clássica e dias chuvosos compõem o imaginário coletivo do movimento.
Porém, o nicho é mais do que apenas a estética. A Dark Academia carrega temas como o questionamento existencial, a idealização do intelecto, o fascínio pela arte e até reflexões sobre a própria mortalidade.
A literatura da Dark Academia

Existem muitas semelhanças e temas recorrentes ao analisar a literatura definida dentro da Dark Academia. Entre os títulos, alguns elementos são quase obrigatórios para se identificar ao gênero.
A começar por ambientes acadêmicos. Esses podem ser diversos, como faculdades isoladas, internatos tradicionais ou universidades cercadas de segredos. Tais espaços geralmente se tornam palco para histórias que envolvem mistério, amizade, obsessão e tragédias.
Outro ponto central são os próprios personagens. Normalmente, eles são jovens extremamente inteligentes, curiosos, muitas vezes até arrogantes. As narrações que acompanhamos os mostram vivendo em constante conflito interno. Suas histórias envolvem a busca pelo saber que se mistura à necessidade de pertencer, amar e, não raro, sobreviver.
Além disso, temas como culpa, rivalidade, ambição e até o flerte com a imoralidade aparecem com frequência. Na maioria das vezes, a linha entre o certo e o errado é tênue, e é exatamente isso que torna essas narrativas tão instigantes.
Por fim, é impossível ignorar o tom melancólico dessas obras. O tempo nublado, as folhas secas e o cheiro de livro antigo não estão lá por acaso: eles ajudam a criar uma atmosfera que reflete os próprios dilemas dos personagens.
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O nicho da Dark Academia se apossou de diversos títulos literários, sejam eles clássicos renomados ou lançamentos recentes. Para entender mais sobre esse universo, confira essa lista, separe seu melhor suéter, prepare um chá e curta essa seleção perfeita para uma tarde chuvosa:
“A História Secreta” de Donna Tartt – Livro vencedor do Prêmio Pulitzer e obrigatório em todas as listas de indicação Dark Academia. Estudantes de grego clássico se envolvem em um crime que revela obsessão, culpa e decadência acadêmica.
“O Pintassilgo” de Donna Tartt – Indicação dobrada desta autora que é genial. Após perder a mãe, Theodore Decker se apega a uma pintura roubada e mergulha no submundo da arte, entre luto e obsessão.
“If We Were Villains” de M.L. Rio – Considero esse como um primo de “A História Secreta”. Dessa vez, a narrativa é centrada no mundo dos palcos. Sete estudantes de teatro vivem um jogo perigoso onde os papéis de herói e vilão se confundem com a vida real.
“Clube dos Oito” de Daniel Handler – Esse talvez não seja tão popular nas listas de Dark Academia, mas merece tanta atenção quanto. Flannery Culp narra os eventos que levaram sua turma do ensino médio ao colapso, e ela, a um hospital psiquiátrico.
“O Retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde – Um dos clássicos favoritos do nicho Dark Academia. Dorian Gray troca sua alma pela juventude eterna, enquanto seu retrato envelhece e revela sua corrupção moral.
“O Apanhador no Campo de Centeio” de J.D. Sallinger – Outro clássico que ganhou seu destaque entre o nicho. Holden Caulfield vagueia por Nova York enquanto enfrenta o vazio, a solidão e a angústia do amadurecer.
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