No Coming Out Day, refletimos sobre como o cinema e as séries se tornaram espaços de acolhimento e reconhecimento para pessoas LGBTQIAPN+
O Coming Out Day, celebrado mundialmente em 11 de outubro. É um momento de reflexão sobre as trajetórias de pessoas LGBTQIAPN+ que decidem compartilhar suas identidades com o mundo.
Mais do que um gesto individual, o ato de “sair do armário” simboliza resistência, visibilidade e transformação social. No campo audiovisual, essa data também reforça o papel do cinema e das séries na construção de espaços de reconhecimento e diálogo.
Nos últimos anos, produções brasileiras têm ampliado o debate sobre identidade e aceitação, mostrando como as telas podem se tornar um espelho para jovens e adultos que enfrentam dilemas semelhantes.
Ao retratar histórias de autodescoberta e coragem, o audiovisual nacional contribui para que o Coming Out Day vá além da comemoração, funcionando como um lembrete do impacto social da representatividade.

O papel do audiovisual na visibilidade LGBTQIA+
Historicamente, personagens LGBTQIAPN+ foram retratados de forma limitada ou estereotipada no cinema e na televisão. No entanto, a produção nacional vem diversificando essas narrativas, apresentando novas perspectivas sobre sexualidade e gênero.
Séries como “Manhãs de Setembro” (Prime Video), estrelada por Liniker, abordam a jornada de Cassandra, uma mulher trans que tenta reconstruir a vida enquanto enfrenta o reencontro com o passado. A série exemplifica como a ficção pode oferecer espaços para reflexões reais sobre identidade e pertencimento.
Outro exemplo é o filme “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” (2014), de Daniel Ribeiro, que acompanha Leonardo, um adolescente cego que descobre sentimentos por um novo colega de escola.
A trama, reconhecida por sua abordagem sensível e cotidiana, abriu caminho para uma nova geração de produções LGBTQIAPN+ brasileiras, que tratam o afeto e o amadurecimento sem recorrer a narrativas de sofrimento.
Já “Bixa Travesty” (2018), documentário dirigido por Claudia Priscilla e Kiko Goifman, acompanha a trajetória da artista Linn da Quebrada, explorando sua presença política e artística como ferramenta de transformação. O filme reforça o poder da arte audiovisual como meio de afirmação e resistência.
Essas produções, entre outras, mostram como o cinema brasileiro tem atuado para quebrar silêncios e ampliar o entendimento sobre a diversidade, algo que ganha força no contexto do Coming Out Day, quando a visibilidade se torna não apenas simbólica, mas também educativa.

Representação e reconhecimento nas telas
Ver-se representado nas telas é um ponto de virada para muitos jovens LGBTQIAPN+. Diversos estudos indicam que o contato com personagens que vivem experiências semelhantes pode influenciar positivamente a autoestima e a aceitação pessoal.
O audiovisual, nesse sentido, atua como ferramenta de identificação e educação, especialmente entre públicos que ainda enfrentam preconceito ou falta de apoio familiar.
Séries recentes, como Rensga Hits! (Globoplay), também têm explorado narrativas diversas, incluindo personagens LGBTQIAPN+ dentro de universos regionais e populares, como o sertanejo. Esse tipo de inclusão contribui para naturalizar presenças antes marginalizadas e reforçar a pluralidade da sociedade brasileira.
Além das ficções, documentários e curtas-metragens exibidos em festivais como o MixBrasil da Cultura da Diversidade, o maior evento de cultura LGBTQIAPN+ da América Latina, consolidam o país como um dos polos de criação de conteúdo sobre diversidade.
Em suas edições anuais, o festival reúne produções nacionais e internacionais que tratam do processo de “coming out”, aceitação familiar e políticas de identidade, revelando a amplitude do debate.
No ambiente das séries internacionais, títulos como Heartstopper (Netflix) e Pose (FX) também conquistaram público no Brasil, fortalecendo o diálogo entre produções globais e locais. Ainda que retratem contextos diferentes, ambos os exemplos ajudam a popularizar o tema do Coming Out Day. Assim, mostrando que o reconhecimento é um processo coletivo e contínuo.

O impacto do Coming Out Day no Brasil
O Coming Out Day tem origem nos Estados Unidos, em 1988, um ano após a Marcha Nacional pela Igualdade em Washington. Desde então, a data foi incorporada em diversos países, tornando-se um símbolo da importância da visibilidade e da afirmação das identidades LGBTQIA+. Com o passar dos anos, o movimento ganhou novas formas de expressão, especialmente por meio da arte e da cultura.
No Brasil, por exemplo, iniciativas de cineclubes, festivais e plataformas de streaming têm aproveitado o 11 de outubro para lançar produções, promover debates e realizar mostras temáticas. Dessa maneira, o dia se consolida não apenas como uma data de celebração, mas também como um espaço de reflexão e de incentivo à representatividade nas telas.
Além disso, esses eventos reforçam que o ato de “sair do armário” vai muito além de uma decisão individual. Trata-se de um movimento coletivo, que se fortalece quando há espaço para contar histórias diversas e visibilizar experiências antes silenciadas.
No cinema e na televisão, essa abertura se traduz em roteiros que retratam o cotidiano LGBTQIA+ com naturalidade, contribuindo para desconstruir estigmas e afastar abordagens trágicas ou moralizantes.
Com isso, a presença crescente de artistas LGBTQIAPN+ em papéis centrais, como Liniker, Silvero Pereira (Bacurau) e Jesuíta Barbosa (Homem com H), tem impulsionado ainda mais o reconhecimento público.
Consequentemente, o impacto cultural dessas figuras ultrapassa o campo do entretenimento, influenciando debates sobre inclusão, políticas públicas e liberdade de expressão. Assim, o Coming Out Day reafirma o poder transformador do audiovisual como ferramenta de visibilidade e diálogo social.

Um cinema que transforma vidas
Ao relacionar o Coming Out Day com o cinema e as séries, é possível perceber como a arte continua sendo uma ferramenta de transformação social.
Para jovens e adultos LGBTQIAPN+, assistir a personagens que enfrentam dilemas semelhantes pode representar uma forma de acolhimento e de encorajamento para viver com autenticidade.
O audiovisual brasileiro, ao incorporar essas pautas, contribui para a formação de um público mais consciente e empático. Mesmo que ainda existam desafios, o avanço na diversidade de representações é um indicativo de mudança. Esse movimento reflete a força das histórias de coragem que inspiram o Coming Out Day e ressoam muito além das telas.
Imagem de capa: Reprodução/Globoplay
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