A obra de Conceição Evaristo marca pela narração das vivências da população negra no Brasil, trazendo sempre a memória como fio condutor. A escritora aborda os diferentes temas relacionados aos homens e mulheres negras na nossa sociedade, que é desigual, explorando sua complexidade e diversidade de características. 

É nesse sentido que no livro “Canção para ninar menino grande” a autora se propõe a falar sobre as contradições e complexidades em torno da masculinidade de homens negros. Além disso, aborda como essa construção afeta as relações com as mulheres negras. 

A partir da figura do personagem Fio Jasmin, a autora traz, de forma afetuosa e, ao mesmo tempo, dolorosa, um conjunto de experiências. Dessa forma, ela mergulha na poética da “escrevivência”, um conceito cunhado pela autora, que narra a vivência da população negra no Brasil.  

Segundo Conceição Evaristo, a “escrevivência” se diferencia da autobiografia por transcender o individual. Carregando a memória coletiva, assim como as dores, as resistências e os afetos de um grupo social historicamente marginalizado. Essa é mais uma das obras da escritora consagrada que também é autora dos livros: “Becos da Memória” (2006), “Poemas da recordação e outros movimentos” (2008), “Olhos d’Água” (2014), entre outros.