A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) está cheia de atrações especiais. Hoje, às 14h vai acontecer o lançamento do livro “Eclipse” de Hermes Coelho. O evento acontece na Casa Gueto, onde o jornalista e escritor piauiense realiza uma sessão de autógrafos.

Em “Eclipse”, o autor fala sobre a descoberta do HIV em seu corpo, com um relato pessoal e filosófico. Hermes expõe angústias, assim como relaciona, pertencimento e experiências humanas. Dessa forma, o livro traz uma série de poemas que vão da “confissão à cura”.

Hermes discute o silenciamento imposto às pessoas que recebem o diagnóstico de HIV, assim como os rótulos e o estigma social. A obra é dividida em quatro partes: “A Leta H”, “Eclipse”, “Invisíveis” e “Divindades”. 

O autor ressalta o efeito fonético da letra H, o trauma de viver com um inimigo íntimo, assim como a ajuda que a poesia traz. Segundo o autor, a poesia não é terapia, mas ajudou a torná-lo mais resiliente:

“Passei a me reconstruir do trauma da descoberta, construindo versos inspirados pela força do que não enxergamos e, mesmo, pela força daquilo que tornamos invisível também”, diz Hermes.

O livro está disponível para venda no site da Editora Patuá. Hermes Coelho também participa da mesa literária “Entre letras e identidades: diálogo sobre literatura LGBTQIA+”, às 18h. 

Confira um trecho de “Eclipse”:

Acostumei-me tanto

a deixar-me invadir

por lutadores leais

que nem percebi

o cavalo de Troia

hackeando sistemas

vencendo firewalls

eclipse do sol

armário reinstalado

nome proibido

assunto censurado

nas notícias de jornal

nas mesas da repartição

no bar da esquina

no almoço de margarina

dos pais das mães das tias

não é o vírus que mata

é o silêncio de ouro

feito bala de prata

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