Neste Halloween, é impossível não lembrar de uma das obras mais icônicas do terror na literatura. Lançado em 1977, “O Iluminado”, de Stephen King, conquistou milhares de fãs ao redor do mundo.

Sua estética vintage, o hotel sombrio e os elementos clássicos do suspense transformaram o livro em um fenômeno cultural. Assim, com um enredo bem diferente da adaptação de Stanley Kubrick, que também se tornou um marco do cinema, o romance continua sendo um clássico da literatura mundial mesmo quase cinquenta anos após o lançamento.

A inspiração

A ideia para “O Iluminado” surgiu de maneira quase sobrenatural. King e sua esposa, Tabitha, estavam hospedados no Stanley Hotel, no Colorado, em busca de um lugar tranquilo para encerrar as férias. O hotel estava praticamente vazio, prestes a fechar para o inverno, e os dois acabaram sendo os únicos hóspedes naquela noite.

Na época, King enfrentava um bloqueio criativo e sentia que estava repetindo suas histórias. Durante a madrugada, teve um pesadelo. Ele sonhou que o filho corria pelos corredores do hotel, perseguido por uma mangueira de incêndio que ganhava vida.
Assustado, acordou suando e com o coração acelerado. Ao levantar para fumar e observar o cenário deserto ao redor, se sentiu inspirado a criar o Overlook.

O hotel assombrado

Reza a lenda que o Stanley Hotel já era conhecido por suas histórias macabras desde o início do século XX. Funcionários e hóspedes afirmavam ouvir vozes, risadas e até o som de um piano vindo de um salão vazio. Durante o jantar, um garçom contou a King que o hotel seria trancado no dia seguinte e as cadeiras seriam empilhadas até a primavera, enfatizando que a solidão tomaria conta do local.

King e Tabitha não faziam ideia da fama do hotel e o escolheram apenas porque era o único aberto naquela noite. Mas, após o lançamento do livro, os fãs começaram a investigar a história do hotel e ressurgiram relatos de aparições. Entre eles, o de Flora Stanley, esposa do fundador, que supostamente toca piano no salão vazio. Também há menções de antigos funcionários vistos pelos corredores e de acontecimentos estranhos em certos quartos, especialmente o 217, onde King e Tabitha dormiram.

O quarto 217

Hotel Overlook. Crédito: Reprodução

Foi nesse quarto que, em 1911, ocorreu um dos episódios mais marcantes do hotel. A camareira Elizabeth Wilson limpava o ambiente quando uma explosão de gás quase a matou. Na época, o prédio ainda usava iluminação a gás, e um vazamento fez o quarto explodir no momento em que ela acendeu a luz. Elizabeth foi lançada pelo assoalho ao andar de baixo, mas sobreviveu e continuou trabalhando no hotel.

Desde então, muitos afirmam sentir presenças sutis no quarto 217. Luzes que se acendem sozinhas, malas arrumadas, cheiro de lavanda e até cobertores sendo puxados durante a noite. Dizem que Elizabeth ainda “cuida” do espaço, zelando para que nenhum hóspede cause confusão.

O Stanley Hotel hoje

Com o sucesso do filme de Kubrick, o hotel ganhou ainda mais fama. Durante as gravações, o diretor usou outro local, o Timberline Lodge, no Oregon. Durante a produção do longa, o Stanley Hotel pediu para que Stanley Kubrick mudasse o número do quarto 217 para 237, temendo que ninguém fosse querer se hospedar no quarto mais. No entanto, o hotel ficou famoso e o quarto 217 se tornou o mais disputado, com longas listas de espera para hospedagem.

Hoje, o hotel abraça sua fama sobrenatural. Há tours noturnos, gravações paranormais e até quartos temáticos inspirados em “O Iluminado”. Mais de um século depois da explosão e quase cinquenta anos após o livro, o Stanley Hotel continua atraindo curiosos e, quem sabe, também alguns fantasmas.

Imagem de capa: Amazon