Com um histórico de sucessos, Guel Arraes é um grande cineasta e diretor brasileiro que está na direção de Grande Sertão, filme de ação / drama nacional que estreia na próxima semana.

Nascido em Recife, Arraes vem de uma família de políticos e viveu exilado na Argélia com sua família durante a ditadura militar. Quando tinha 18 anos, ele foi viver na França e se matriculou na Universidade de Paris, onde ingressou no Comitê do Filme Etnográfico comandado por Jean Rouch. Durante esse período Arraes dirigiu quatro curtas e um filme de média-metragem.

O cineasta possui um papel muito importante para a história do cinema e TV brasileira, tendo participado de obras que fazem sucesso até os dias atuais e conquistando inúmeros prêmios.

A saber, dentre as premiações da carreira de Arraes estão: o prêmio de melhor roteiro por “Meu Tio Matou um Cara” (2004) no Miami Brazilian Film Festival 2005, o prêmio Audience Award por “O Auto da Compadecida” (2000) no Miami Brazilian Film Festival 2001 e o prêmio de Melhor série de comédia por “A Mulher Invisível” (2011) no Emmy Internacional 2012.

O início da carreira de Guel Arraes na Globo

Ao voltar para o Brasil em 1980, o cineasta conheceu o ator Tarcísio Meira em meio às filmagens de “O Beijo no Asfalto” (1981), enquanto trabalhava como assistente de câmera. Foi através do ator que Arraes foi apresentado a Paulo Ubiratan, diretor da Globo, que fez o convite para que ele trabalhasse na emissora. 

O seu primeiro trabalho na TV foi com a novela “Jogo da Vida” (1981), onde ele dividiu a direção com Jorge Fernando e Roberto Talma. Logo após, em 1985, o diretor passou a explorar outros formatos além das novelas e recebeu o convite de Daniel Filho para dirigir o seriado juvenil “Armação Ilimitada”, que juntava comédia, aventura e referências à cultura pop.

Posteriormente, ele continuou inovando, sendo um dos responsáveis pela criação e implementação do programa “TV Pirata” (1988). O programa trouxe um novo ar para o humor na Globo com um elenco jovem que vinha do teatro besteirol.

Guel Arraes
Foto: Acervo/Globo – via Memória Globo

Depois que o diretor trouxe a inovação para o programa teen em 1985, o modelo desse estilo de programa foi evoluindo, e o humor que antes era abordado como esquetes, passa a ter um perfil mais próximo da comédia e da dramaturgia.

Então, foi em 1999 que ele adaptou e dirigiu, ao lado de João e Adriana Falcão, a primeira microssérie da Globo, “O Auto da Compadecida” que teve como inspiração a peça escrita em 1955 por Ariano Suassuna. No ano seguinte a obra foi lançada nos cinemas, se tornando um enorme sucesso.

Um fato interessante é que o cineasta foi um dos responsáveis pela implementação, aqui no Brasil, de um conceito que sem dúvidas é muito conhecido quando falamos de séries: as temporadas.

O contato com o teatro

Além da sua carreira de sucesso na TV, Arraes também se destacou no teatro. Ele estreou em 1996, com a montagem de “O Burguês Ridículo”, de Molière. Aliás, a peça tinha o talentoso Marco Nanini como protagonista.

Já nos anos 2000 ele foi responsável pela peça “Lisbela e o Prisioneiro”, escrita por Osman Lins. A obra, foi anteriormente adaptada para TV por ele, sendo exibida no programa “Terça Nobre Especial”. 3 anos depois ela foi lançada como filme, com as participações de: Marco Nanini, Selton Mello, Débora Falabella.

Filmografia de Guel Arraes como diretor

  • Jogo da Vida (1981)
  • Sétimo Sentido (1982)
  • Sol de Verão (1982)
  • Guerra dos Sexos (1983)
  • Armação Ilimitada (1985)
  • Vereda Tropical (1984)
  • TV Pirata (1988)
  • Doris para Maiores (1991)
  • Programa Legal (1992)
  • Caso Especial (1993)
  • A Comédia da Vida Privada (1995)
  • O Auto da Compadecida (1999)
  • A Invenção do Brasil (2000)
  • O Auto da Compadecida – Filme (2000)
  • Brava Gente (2000)
  • Caramuru: A Invenção do Brasil (2001)
  • Lisbela e o Prisioneiro (2003)
  • Cena Aberta (2003)
  • Retrato Falado (2000)
  • Romance (2008)
  • Decamerão, a Comédia do Sexo (2009)
  • O Bem Amado (2010)
  • Batendo Ponto (2011)
  • Grande Sertão (2024)
  • O Auto da Compadecida 2 (2024)

Sobre Grande Sertão

O filme conta a história de uma grande sociedade de periferia brasileira chamada ”Grande Sertão”, onde ocorrem confrontos entre bandidos e policiais. Então, com aspectos de guerra, a história vai abordar questões como lealdade, vida e morte, amor e coragem, Deus e o diabo. 

Riobaldo (Caio Blat) entra para a vida do crime por amor a Diadorim (Luisa Arraes). Entretanto, a identidade de Diadorim é um mistério constante para Riobaldo, que precisa escolher entre dilemas éticos e morais, enquanto tenta buscar seu lugar no mundo.

A obra é uma adaptação da obra Grande Sertão Veredas, do escritor Guimarães Rosa, e garantiu a Arraes o prêmio de Melhor Direção na 27ª edição do Critic ‘s Pick Tallinn Black Nights Film Festival (PÖFF), na Estônia.

Por fim, se você se interessou pelo trabalho desse talentoso cineasta, veja a crítica de “Grande Sertão” aqui!