Autor mineiro faz o encontro de Stranger Things, o terror cósmico de Lovecraft e o e “jeitim mineiro” de ser em “O Culto Amarelo”

Com O Culto Amarelo, o autor L. Vaz emergiu como uma das vozes mais promissoras do horror contemporâneo nacional. Misturando o banal com o cósmico, o real com o absurdo, Vaz transforma Belo Horizonte em um palco de medos existenciais, entidades insondáveis e juventudes à beira do colapso.

No livro, o autor traz uma atualização divertida para o gênero de terror cósmico, ao situar sua história no ano de 2011, na capital de Minas Gerais. Arthur, Amanda, Saulo e Hernanda são levados a visitar diversas localidades importantes do cotidiano mineiro, enquanto são tirados da sua confortável rotina estudantil e sugados pela trama investigativa cheia de conspirações. No fim das contas, o que é “O Culto Amarelo”?

Com uma escrita fluida e envolvente, Vaz tem ganhado grande destaque na literatura. Conversamos com ele sobre inspirações, desafios e os próximos passos dessa mente criativa que colocou o terror literário brasileiro em outro patamar.

Antes de tudo, nos conte um pouco sobre você.

Vaz: Bom, sou Luiz Henrique Vaz, de onde vem o nome de autor L. H. Vaz. Tenho 31 anos, nasci em BH e vivo em Betim. Sou formado em Administração de Empresas e sou especialista em Planejamento de Produção.
Aos 28 anos, infeliz com a minha rotina, decidi ser autor! Sempre gostei de contar histórias; já escrevia para um podcast de crônicas bem-humoradas, com o objetivo de um dia me tornar autor. Em um dado momento, defini que era hora de começar e mudar a rotina.

 O que te fez seguir a carreira de escritor?

Vaz: Gosto de histórias, gosto de consumi-las, gosto de saber como são feitas. E a literatura foi a forma onde encontrei de praticar essa coisa de contar histórias. É engraçado que, sem exagero, não é algo que eu queira fazer, é algo que eu preciso fazer. Contar histórias é o que me garante ter um bom dia.

L H Vaz o Culto Amarelo
Crédito: L H Vaz.

“O Culto Amarelo” mistura cotidiano adolescente com terror cósmico, uma combinação pouco comum na literatura nacional. De onde veio essa inspiração? Foi algo pensado desde o início ou nasceu naturalmente durante a escrita?

Vaz: Eu sou um filho dos anos 90, então cresci vendo todas aquelas reprises da Sessão da Tarde, com histórias aventurescas tipo: De Volta para o Futuro, Conta Comigo, Goonies. Esse ritmo de narrativa me cativa demais. Também acabei me apaixonando pelo horror, por conta de obras como O Exorcista, Invocação do Mal, A Bruxa e o Nerdcast de RPG. Então, eu queria misturar essas duas narrativas que curto tanto. Foi assim que saiu O Culto Amarelo, essa aventura de horror.

O livro se passa boa parte em Belo Horizonte, com uma ambientação muito realista. Como é o processo de escolha dos locais onde a história ocorre e como é o processo de criação dos personagens?

Vaz: Os personagens, eu analiso o que a história precisa. Por exemplo, se estou tratando de uma investigação, a figura do personagem curioso é uma ótima ferramenta. Contudo, seria ótimo também ele ter um contraponto, alguém que questionasse sua curiosidade e suas conclusões. Então, sempre analiso o que a história pede, e a partir daí vou buscando nas pessoas do dia a dia os traços que são interessantes.

Agora, falando sobre cenários: fiz muita questão de mostrar um bom apanhado de BH. Os personagens passam pelo Cemitério do Bonfim, chegam a ir em bairros como Belvedere, passam pela Favela da Luz e Cabana do Pai Tomás. Tentei demonstrar a cidade que eu tanto amo. Moro em Betim, então BH é onde vou quando quero me divertir, relaxar, ver os amigos. Por isso, há muito sentimento quando falo dessa cidade. Estou ali falando de um lugar próximo do meu coração, não estou levando os personagens para um cenário que não significa nada para mim. Acho que isso é um bom começo para se contar uma boa história.

Quais foram as maiores dificuldades para criar a obra?

Vaz: Acho que foi equilibrar os momentos de horror com o humor e a aventura. E creio que deu muito certo.
Qualquer dos lados que eu extrapolasse demais, essa história poderia perder o ritmo. Fico feliz que o resultado tenha sido tão bom.

Depois de “O Culto Amarelo”, os fãs já estão sedentos por mais. Podemos esperar uma continuação, um universo compartilhado ou um novo projeto de terror vindo aí?

Vaz: Agora, dia 23 de Outubro começa a Pré-venda da Bruxa de Ouro Preto. Uma história que acontece no mesmo universo. Quero escrever dentro desse mundinho que criei, para que os leitores tenham esse sentimento de lar. As histórias não precisam depender umas das outras, mas faço questão que tenham essa base no mesmo mundo. E a continuação d’O Culto um dia acontece. Mas preciso ter uma história que me divirta e que eu tenha certeza de que será tão boa quanto a primeira.

O que você diria para quem está começando a escrever?

Vaz: Eu vou me basear nos elogios dos leitores. Eles sempre dizem que essa história, que a forma de escrever, é muito minha. E eu fiz questão que fosse assim. Então, acredite no seu jeito de escrever. No seu jeito de contar histórias. Deixe a IA como uma auxiliar; o contador de histórias é você!

Eu sempre penso que a boa ficção é aquela que se aproxima do coração. Se não está próxima nem do autor, como estará do leitor?


O livro “O Culto Amarelo” está disponível para compras no formato digital na Amazon e de forma física no site https://ocultoamarelo.com.br/.

Crédito da capa: L H Vaz / Adaptação