Zach Cregger surpreende com um terror ousado, brutal e cheio de camadas, que transforma o medo em linguagem e desconforto.

Após impactar o público com Noites Brutais (2022), o diretor Zach Cregger retorna ao cinema com A Hora do Mal (Weapons, no original) — um filme que supera qualquer expectativa. Estreando nos cinemas brasileiros em 7 de agosto, a produção combina uma estrutura fragmentada, atmosfera sufocante e violência gráfica para entregar um dos títulos mais ousados do terror moderno.

A Hora do Mal - capa
A Hora do Mal (2025) | Poster principal do filme | Credito: IMDB

Uma trama fragmentada e hipnótica

O ponto de partida parece simples: dezessete crianças desaparecem misteriosamente em uma mesma noite. No entanto, a partir daí, Cregger constrói uma narrativa inquieta, dividida em capítulos e pontos de vista, onde cada segmento revela novas camadas da história.

Como num quebra-cabeça psicológico, o roteiro nos mergulha nas perspectivas de diferentes personagens — pais, professores e autoridades — que tentam compreender o inexplicável. A trama evolui de um mistério sobrenatural para um estudo profundo sobre culpa, luto, paranoia coletiva e, acima de tudo, a fragilidade humana diante do medo.

A Hora do Mal (2025)- Atriz Julia Garner em cena do filme-Credito-IMDB
A Hora do Mal (2025) | Atriz Julia Garner em cena do filme | Credito:IMDB

Terror social e emocional

Se Noites Brutais flertava com o grotesco em cenários claustrofóbicos, A Hora do Mal expande seu escopo e investe no terror social. Cregger utiliza o desaparecimento das crianças como símbolo de uma sociedade à beira do colapso. O que vemos em tela não é apenas medo do desconhecido, mas sim o terror causado pelo que conhecemos — e fingimos ignorar.

A direção é firme, precisa e desconcertante. Cregger domina o ritmo, alternando silêncios perturbadores com explosões viscerais de violência. Nesse sentido, o filme se distancia de sustos fáceis e aposta em um horror mais denso e filosófico.

Atuações marcantes e tensão crescente

O elenco entrega performances afiadíssimas. Josh Brolin e Julia Garner sustentam seus arcos com intensidade, mas é Amy Madigan quem realmente rouba a cena. Sua personagem, envolta em mistério e crueldade contida, provoca arrepios com cada gesto e palavra. É uma atuação digna de premiação e uma das mais perturbadoras do gênero nos últimos anos.

Além disso, chama atenção o papel das crianças no filme. Elas não apenas ampliam o peso emocional da narrativa, como também protagonizam alguns dos momentos mais impactantes e inquietantes.

A Hora do Mal (2025)- Atores Josh Brolin e Julia Garner em cena do filme-Credito-IMDB
A Hora do Mal (2025) | Atores Josh Brolin e Julia Garner em cena do filme | Credito:IMDB

Visual sombrio e som preciso

A fotografia é carregada de sombras e tons escuros que reforçam o clima de desespero e incerteza. Já a trilha sonora — utilizada com precisão cirúrgica — acompanha a crescente sensação de desconforto e confusão mental dos personagens. Uma escolha musical específica, envolvendo George Harrison, transforma uma simples cena em um momento icônico de puro impacto emocional.

A Hora do Mal (2025)-Diretor Zach Cregger em premiere do filme-Credito-IMDB
A Hora do Mal (2025) | Diretor Zach Cregger em premiere do filme | Credito:IMDB

Vale a pena assistir?

Com pouco mais de duas horas, A Hora do Mal é um terror que não busca apenas respostas, mas sim criar experiências. Ele confronta, desestabiliza e planta reflexões que continuam ecoando mesmo após os créditos finais. Não se trata apenas de sustos, mas de ideias que apodrecem lentamente na mente do espectador.

Zach Cregger se consolida, assim, como um dos nomes mais relevantes do terror contemporâneo. A Hora do Mal é corajoso, autoral e desconcertante — exatamente como o cinema de gênero precisa ser.

O filme estreia no dia 07 de agosto de 2025 nos cinemas brasileiros.