“A Musa de Bonnard” é uma obra que transcende a simples biografia para se tornar uma exploração profunda e comovente da natureza humana e da arte. Com atuações magníficas de Vincent Macaigne e Cécile de France, o filme de Martin Provost é uma celebração da complexidade e da beleza da vida, vista através da lente da arte e do amor.

O Filme

Martin Provost, conhecido por sua sensibilidade ao abordar figuras femininas em seus filmes, como em “A Boa Esposa”, traz novamente seu toque refinado para a tela. Em “A Musa de Bonnard”, ele não apenas pinta um retrato da relação entre Pierre e Marthe, mas mergulha fundo na psique e nas nuances que compõem a dinâmica entre eles.

Somos convidados a conhecer um pouco da história não contada do amor entre Bonnard e Marthe, algo que até então habitava somente o imaginário de pessoas com Provost. Desde o primeiro encontro deles até a morte prematura de Marthe, o diretor nos entrega uma história romântica atípica, cheia de altos e baixos, mas que desperta em nós uma sensação de familiaridade.

A vida do pintor francês Pierre Bonnard em A MUSA DE BONNARD
Foto: California Filmes

A história da relação de Marthe e Pierre é retratada com uma sensibilidade rara, fugindo de reducionismos simplistas. E aqui é interessante destacar que o roteiro não se importa em incomodar e mostrar que não há beleza suprema e eterna nessa relação. Muito pelo contrário, o filme é muito humano ao mostrar que as falhas de ambos, acabam no final, sendo o que os une. Isso porque, o que Bonnard precisa é exatamente o que Marthe tem a dar, e vice-versa.

Marthe é apresentada como uma figura complexa, uma combinação de sinceridade e mitomania, que influenciou profundamente a vida e a arte de Pierre Bonnard. E seu marido é retratado com maestria por Macaigne como um homem simples, centrado no trabalho, mas extremamente ligado ao amor e o sexo.

Fotografia é obra de arte, assim como deveria ser

Ao assinar a fotografia, Guillaume Schiffman, pode não ter dimensão do que criou. O filme tem uma estetica romancista muito peculiar, que mistura as cores como as pinturas de Bonnard. Ele brinca com os tons como uma criança que mistura uma massinha sem se dar conta de que cor irá gerar, mas no final, o resultado é deslumbrante.

A captura das cores das pinturas de Bonnard, assim como a captura das belezas naturais das locações, fazem desse filme uma obra de arte em movimento. Seria como se as pinturas do pintor ganhassem vida e invadissem a tela do cinema.

Vale a pena assistir?

A Musa de Bonnard é um filme que convida o espectador a refletir sobre a natureza da inspiração e a importância das mulheres na história da arte, oferecendo uma perspectiva rica e inesquecível. A beleza e sutileza da obra, misturada a sua sensação de chocolate com pimenta, o transformam em obra obrigatória a ser assistida!