Quais os sentimentos envolvem uma pessoa quando um relacionamento ou um ciclo da vida acaba? O filme nacional A Voz que Resta retrata a história de Paulo, um jornalista que está passando por uma madrugada de reflexão sobre o término do relacionamento com a vizinha, Marina.
O texto escrito por Vadim Nikitin é uma adaptação da peça teatral homônima. O monólogo, um desabafo do protagonista sobre o rompimento e mudanças, tem direção de Gustavo Machado e Roberta Ribas. Ambos também atuam em frente as câmeras como o casal.
Um enredo com foco nos detalhes
Paulo (Gustavo Machado), um jornalista e escritor frustrado, vive preso em um ciclo vicioso: trabalho, bloqueio criativo e um relacionamento com a vizinha Marina (Roberta Ribas). A garçonete e aspirante a atriz seduziu Paulo no elevador e desde então eles vivem um caso extraconjugal, visto que o marido dela vive no mesmo prédio.
Toda a história se passa em uma única noite, em uma hora e vinte seis minutos de tela. Entre o desespero e a exaustão, Paulo decide romper com tudo. Em um monólogo intenso e cheio de altos e baixos, o ator entrega a carga dramática necessária para o personagem. Cenas do casal se misturam com o desabafo que Paulo está gravando para a amada, expondo tudo o que sente em relação a ela e a vida que levava.
Os detalhes chamam a atenção nesta obra, pois refletem como está a cabeça do protagonista: uma verdadeira confusão. Os livros ou outros objetos jogados pela sala, a forma como ele bebe na tampinha da garrafa, todos os detalhes agregam ao entendimento do texto. Além disso, temos as imagens que se misturam em uma sobreposição, sejam elas lembranças ou momentos confusos no presente da história.
A direção escolheu um ótimo caminho, entregando cenas com planos mais fechados e íntimos que deixam o telespectador envolvido com a gravação de Paulo. Outra proposta interessante utilizada foi mostrar as gravações como se estivéssemos na percepção da própria Marina.
Vale pena assistir “A Voz que Resta”?
O filme entrega uma atuação carregada de emoção e um texto repleto de nuances que explica todas as fases de um relacionamento conturbado e relatos pessoais de um homem frustrado. “A Voz que Resta” é um intenso desabafo de um amante que cansou da vida que levava.
A fotografia talvez seja a grande protagonista do longa. Cores como vermelho e azul predominam a tela, sendo que as cenas em vermelho ganham bastante destaque e intensidade, enquanto as em azul são mais calmas. É um bom filme e foge um pouco do que estamos acostumados a assistir relacionados ao gênero. No entanto, por ser um monólogo teatral transformado em produção cinematográfica, os quase 90 minutos de duração podem soar um pouco cansativo para o telespectador.
Distribuído pela Pandora Filmes, A Voz que Resta estreia nos cinemas nesta quinta-feira, dia 06 de fevereiro. Confira a programação da rede da sua cidade.
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