O filme “Ainda não é amanhã” conta a história de Janaína (Mayara Santos), uma menina de 18 anos que mora com a avó e a mãe. Ela vive em um conjunto habitacional em Recife e tem a chance de ser a primeira pessoa da família a conseguir um diploma universitário. Sendo assim, a trama começa quando uma gravidez indesejada surge na vida da garota, e ela precisa saber como lidar com tudo isso.
Nesse sentido, o filme aborda um tema muito importante, a questão da gravidez indesejada, e mostra como estamos parados no tempo nessa questão. Mesmo utilizando os métodos contraceptivos para não ocorrer a gravidez, o filme aborda que nenhum é 100% eficaz e precisamos estar sempre atentos em relação a isso.
Desse modo, vemos a protagonista atrás de métodos para interromper a gravidez, e passa por desafios desde pessoas mal intencionadas e chás perigosos para a saúde.
“Ainda não é amanhã” aborda um problema da nossa sociedade, o controle ao corpo de uma mulher. Visto que não deveríamos obrigar as pessoas a conceberem algo que elas não querem naquele momento. Assim, Janaína confia somente em duas pessoas para saber seu segredo, a melhor amiga e o namorado.
Dessa forma, a gravidez indesejada começa a atrapalhar completamente a vida dela desde os estudos quanto o estágio que acabou de conquistar.
Família, segredos e medos
O filme nos mostra como Janaína está lidando com tudo, e a cada dia parece ser mais difícil não contar para a família. Avó e mãe sabem que a garota esconde algo, mas preferem que ela se abra ao invés de confrontar. Dessa forma, a relação entre as três que pareciam tão unidas acaba tendo um afastamento por conta do segredo.
Sendo assim, conseguimos ver como uma gravidez indesejada pode ser problemático para uma pessoa, e como isso afeta as relações. Mesmo que Janaína saiba que sua mãe a apoiaria, o medo do julgamento pela sua decisão parece atormentar a menina e faz com que ela atue sozinha nessa busca.
Nesse sentido, “Ainda não é amanhã” é completamente real para um problema da nossa sociedade e como vemos os corpos das mulheres. A cada tentativa de abortar, a garota parece estar mais perdida e preocupada com o que esta por vir, ela só quer ter sua vida normal de volta.
Apoio incondicional das mulheres
Em um dos momentos do filme, ela acaba sendo enganada, mesmo que seja para mostrar que tem pessoas mal intencionadas. O meu primeiro pensamento era de que a menina seria enganada, por ser um homem que daria um remédio abortivo. A ideia de uma mulher abortar é completamente irreal para um homem, então nesse momento de golpe só poderia ser causada pelo sexo masculino.
Durante todo o filme, todas as mulheres parecem perceber que algo atinge Janaína e muitas desconfiam do que seja. Desse modo, uma colega comenta sobre ter acontecido, e como ela lidou com a situação. Com isso, a relação que parecia de coleguismo se tornou um momento de união entre as garotas e como o apoio entre elas precisa ser forte. Assim, vemos como as mulheres precisam estar unidas nesse momento.
Além disso, Janaína e a mãe conversam sobre o que ela está lidando e como elas poderiam enfrentar isso juntas. A mãe da protagonista conta que não está ali para julgar ela, mas para apoiar em qualquer decisão possível. Nesse sentido, ela poderia falar sobre qualquer coisa para ela e só receber carinho e proteção.
Vale a pena assistir “Ainda não é amanhã”?
O filme é belo e essencial para conhecermos a realidade de tantas mulheres e os perigos que as assombram. Além disso, é verdadeiro em muitos momentos para conseguirmos perceber como nossa sociedade é prejudicial em relação a tantas coisas, envolvendo principalmente as mulheres.
As atuações trazem a melhor forma de tocar no assunto, e a direção de Milena Times é um ponto crucial para dialogar sobre o assunto. Assim, a história não é somente sobre abortar ou não, mas sobre como apoiar e também como as mulheres precisam enfrentar diversos problemas para ter sua vontade estabelecida.
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