Em Capitão América: Admirável Mundo Novo, Anthony Mackie faz sua estreia solo no MCU após assumir o escudo de Steve Rogers. O filme entra em cartaz nos cinemas brasileiros a partir do dia 13 de fevereiro em uma estreia com muitas expectativas para o futuro do MCU em 2025.
Utilizando o plot de controle cerebral através de gatilhos – já bem conhecido pelos fãs da franquia – o filme segue uma fórmula que não é novidade de jogos políticos, agentes duplos e “um vilão por trás do vilão” escondido em um covil secreto. A receita não é necessariamente ruim, mas certamente torna o filme menos interessante, especialmente considerando a expectativa que o título “Admirável Mundo Novo” traz de que encontraríamos uma história mais inovadora.
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Capitão América 4 tem uma tarefa complicada ao referenciar uma franquia com mais de duas décadas de filmes e séries que, muitas vezes, o espectador não assistiu ou não se lembra muito bem. Por isso, ao construir uma narrativa que faz alusão, por exemplo, aos eventos de O Incrível Hulk (2008) e Os Eternos (2021), o roteiro se enrola um pouco na tentativa de recapitular os acontecimentos de forma suficiente para o entendimento da trama.
Um dos acertos da história é sua trama política. Ainda que possa soar um pouco confusa em alguns momentos devido aos fatores já mencionados, o tom político traz mais consistência para a narrativa e dita o ritmo do longa. Se essa parte da história fosse mais bem explorada, acredito que daria forma a uma obra muito mais interessante, dando mais sentido às motivações do vilão, ao contexto dos personagens e, de forma geral, mais estrutura para o roteiro se sustentar.

O carisma do elenco e seus personagens também sustenta boa parte do filme. Anthony Mackie faz um bom trabalho como Sam Wilson. Mantendo a base sólida que construiu para o personagem ao longo da franquia e que foi o ponto fundamental para que ele fosse o escolhido a assumir o escudo, Mackie consegue trazer a essência do Capitão América para as telas ao mesmo tempo em que se distingue da figura de Steve Rogers. Além disso, sua dinâmica com Joaquin Torres, o jovem piloto da Força Aérea aspirante a Falcão que é acolhido e mentorado por Wilson, é um bom ponto da história e traz uma primeira impressão carismática para o personagem de Danny Ramirez.
Já Harrison Ford – provavelmente a aparição mais aguardada de Admirável Mundo Novo – entrega a melhor performance do filme no papel de Thaddeus “Thunderbolt” Ross. Após a morte de William Hurt, Ford fez sua estreia no MCU como o general que se torna presidente dos Estados Unidos e passa por uma abrupta mudança de personalidade. Para além de sua contribuição sólida para o desenvolvimento da trama política do filme, o ator acrescenta camadas valiosas para o personagem em sua construção emocional – especialmente nas partes que tratam de sua relação abalada com a filha, Betty Ross. No entanto, sua participação como Hulk Vermelho, ainda que poderosa, pode deixar a desejar para os fãs que esperavam mais tempo de tela do gigante.
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Com cenas de ação bem coreografadas, personagens carismáticos e uma trama cheia de referências e pontos que poderiam ser melhor explorados, Capitão América: Admirável Mundo Novo dá um início morno ao MCU de 2025. Seguindo uma fórmula conhecida pelos espectadores, o filme pode dividir opiniões entre os fãs que estavam empolgados com a estreia de Sam Wilson com o escudo ou com a aparição do Hulk Vermelho. A impressão que fica é que o filme, na verdade, serve mais como uma introdução da nova fase, que promete tramas e personagens interessantes – se bem aproveitados.
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