Longa narra um ataque inesperado aos Estados Unidos
É possível decidir o destino do mundo em apenas 18 minutos? Essa é a missão dos protagonistas de Casa de Dinamite, novo filme da Netflix.
Na trama, um míssil nuclear de origem desconhecida é lançado contra os Estados Unidos. A bomba explodirá em Chicago em cerca de 20 minutos e, nesse curto período, as equipes de segurança e inteligência do país correm contra o tempo para descobrir quem arquitetou o ataque e, por consequência, quem devem retaliar. Assim, a obra de Kathryn Bigelow reflete sobre as dinâmicas de poder entre as nações e as possibilidades catastróficas das guerras nucleares.
A arte da comunicação

Diferente de seus trabalhos anteriores, como “Guerra ao Terror” (2008) e “A Hora Mais Escura” (2012), em “Casa de Dinamite” Kathryn Bigelow não aposta na ação, mas sim no diálogo. Não vemos soldados em linha de frente da batalha. Ao contrário, assistimos estrategistas discutindo em uma chamada de vídeo, buscando soluções para o conflito. Aliás, é essa ligação entre especialistas, chefes de segurança nacional e o próprio presidente dos Estados Unidos que conduz toda a narrativa.
O roteiro de Noah Oppenheim é ousado e constrói uma espiral para contar a história. “Casa de Dinamite” é dividido em três atos, cada um mostrando um ponto de vista diferente sobre os mesmos 18 minutos. Quando o relógio está próximo dos segundos finais da contagem regressiva, a trama recomeça em outro local. Em cada parte, trocam-se os protagonistas, acrescentando novas nuances ao mesmo acontecimento.
Além disso, os cenários são claustrofóbicos. A todo momento, temos a sensação de estar presos com os personagens, sem uma saída razoável para aquela situação. As salas de comando parecem pequenas e sufocantes, reforçando a tensão do longa. Ademais, o uso da câmera próxima ao rosto dos personagens e movimentos instáveis confere à obra uma sensação de realismo, semelhante à de um documentário.
As escolhas de roteiro e direção foram corajosas e poderiam render um resultado excelente. No entanto, a execução não mantém o mesmo nível em todas as partes. Dos três atos do filme, somente o primeiro é realmente envolvente, com um suspense interessante. Os outros dois não sustentam a tensão dos primeiros minutos e acabam apenas repetindo os mesmos acontecimentos, com núcleos menos cativantes.
Muitas perguntas e nenhuma resposta
Ao longo da trama, surgem muitos questionamentos. Quem lançou o míssil? Quais são as alternativas para impedir a explosão ou reduzir os impactos? Como os Estados Unidos devem responder ao ataque? Porém, “Casa de Dinamite” não dá respostas.
Apesar da gravidade do problema – afinal, trata-se de uma bomba nuclear -, a situação é retratada de maneira superficial, sem aprofundamento das possibilidades e suas consequências. Além disso, os diálogos abusam de jargões militares, o que pode confundir e afastar parte do público. No fim, a sensação é de que o filme gira em círculos e não chega a lugar algum.
Elenco de peso, mas com pouco tempo para brilhar

“Casa de Dinamite” reúne um time de estrelas, mas não aproveita todo o seu potencial. Os atores têm menos de 40 minutos de tela para conquistar o público e, mesmo com o tempo reduzido, entregam boas atuações.
Rebecca Ferguson e Anthony Ramos são os destaques do primeiro ato. Os dois interpretam Olivia Walker e Daniel Gonzalez, líderes de suas respectivas equipes, e lidam com a pressão de tentar evitar que o míssil alcance o território estadunidense. Embora não interajam diretamente, eles funcionam como reflexos um do outro em contextos distintos.
Além disso, no papel do Secretário de Defesa Reid Baker, Jared Harris oferece uma atuação contida e essencial para a narrativa. O ator transmite com precisão o desespero silencioso de seu personagem, dividido entre o dever e seus próprios conflitos familiares.
Já Idris Elba interpreta um presidente perdido. Durante quase uma hora, ele surge apenas em voz e, quando seu rosto finalmente é revelado, mostra-se indeciso e inseguro, tropeçando em códigos e hesitando na hora de tomar decisões firmes. Assim, sua presença, em vez de inspirar autoridade, transmite vulnerabilidade.
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Vale a pena assistir “Casa de Dinamite”?
Sim. “Casa de Dinamite” levanta reflexões importantes sobre o futuro da humanidade, os riscos das armas nucleares e as consequências da concentração de poder nas mãos de poucos países. Porém, quem busca respostas concretas pode se frustrar. O longa estimula o debate, mas não entrega soluções. É uma obra ousada e uma boa recomendação para quem se interessa pelos bastidores da política global.
“Casa de Dinamite” já está disponível no catálogo da Netflix.
Imagem de capa: Eros Hoagland/Netflix
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