Você seria capaz de ter uma amizade com um assassino em série? O longa Conselhos de um Serial Killer Aposentado mostra que, por mais insensato que pareça, isso é possível.
Estrelado por John Magaro, Britt Lower e Steve Buscemi, o filme acompanha Keane, um escritor em crise criativa que enfrenta turbulências em seu casamento com Susie. A rotina muda quando ele conhece Kolmich, um ex-serial killer que se oferece para ser seu conselheiro e principal fonte de inspiração para sua obra. Assim, nasce uma amizade improvável e perigosa entre eles, sob o olhar desconfiado da esposa.
Longa aposta no esquisito para fazer rir
“Conselhos de um Serial Killer Aposentado” marca a estreia de Tolga Karaçelik em um longa totalmente falado em inglês. Conhecido no cenário da comédia turca, o diretor e roteirista tenta replicar esse humor no contexto nova-iorquino. A produção tem muitos momentos cômicos, embora a maioria surja do constrangimento e da vergonha alheia.
Keane (John Magaro) é o protagonista destas cenas desconfortáveis. Mesmo com uma carreira fracassada, ele acredita ser um grande escritor e essa sua autoconfiança gera situações cômicas. Além disso, seu jeito desastrado também explora o humor físico, com situações dignas de uma comédia pastelão.
As cenas de terapia de casal com o serial killer estão entre as mais divertidas do filme. Susie (Britt Lower), sem saber que Kolmich (Steve Buscemi) é um ex-assassino, leva as sessões a sério, enquanto o “terapeuta” faz analogias improváveis entre mortes e casamentos. O resultado é um caos hilário.
Grande potencial desperdiçado pela superficialidade
O maior destaque de “Conselhos de um Serial Killer Aposentado” é o trio de protagonistas. A química entre os atores transborda em cena e, somada à boa direção de Karaçelik, rende momentos envolventes. No entanto, o desempenho dos artistas não é o suficiente para salvar o filme de seus tropeços.
O roteiro de Tolga Karaçelik apresenta uma premissa original, afinal, não é todo dia que vemos um serial killer aposentado como conselheiro matrimonial. Igualmente, a trama também levanta discussões interessantes, como a negligência dentro dos casamentos e a frieza da sociedade diante da violência urbana.
Entretanto, o filme não aprofunda nenhum desses temas, o que acaba sendo decepcionante. Os conflitos são resolvidos de maneira rápida e rasa, sem um desenvolvimento adequado, o que deixa a narrativa confusa e apressada. Assim, o filme desperdiça o potencial da história em meio a ideias mal exploradas.
Fotografia e cenários homenageiam clássicos do terror
“Conselhos de um Serial Killer Aposentado” utiliza uma iluminação amarelada e sombria, recurso tradicional dos filmes de terror para ambientar a audiência no universo apresentado. O amarelo cria uma falsa sensação de conforto, em contraste com cenas carregadas de tensão e suspense.
Os cenários também evocam os grandes clássicos do gênero. Ambientado em Nova York, o longa mostra bares quase vazios, ruas e becos escuros, típicos das metrópoles. Além disso, boa parte do filme acontece em um hotel estranho, remetendo a obras como Psicose (1960) e O Iluminado (1980).
Por outro lado, a trilha sonora quebra o clima de terror do longa. Com uma mistura de flautas e ruídos desconexos, ela destoa das cenas e acaba gerando apenas desconforto, sem reforçar o suspense.
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Vale a pena assistir “Conselhos de um Serial Killer Aposentado”?
Sim. Para quem quer fugir dos suspenses convencionais, “Conselhos de um Serial Killer Aposentado” é uma ótima recomendação. Mesmo com alguns tropeços, o longa de Tolga Karaçelik é divertido e provoca algumas reflexões interessantes sobre relacionamentos e a banalização da violência nas grandes cidades.
“Conselhos de Um Serial Killer Aposentado” chega aos cinemas brasileiros em 16 de outubro.
Imagem de capa: Divulgação / Synapse Distribution
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