A sequência de Extermínio prefere sair do terror intimista e claustrofóbico e aposta em uma escala maior e mais militarizada
Cinco anos após o lançamento de Extermínio (28 Days Later, 2002), a sequência Extermínio 2 (28 Weeks Later, 2007) chegou prometendo elevar o terror da pandemia, trazendo mais destruição, sangue, e corridas desesperadas em Londres. A direção ficou a cargo de Juan Carlos Fresnadillo, substituindo Danny Boyle, que aqui atua apenas como produtor executivo.
Enquanto o primeiro filme reinventava o gênero de zumbis (ou infectados) com uma Londres deserta e desespero puro, Extermínio 2 tenta expandir esse universo, mostrando o que acontece quando os humanos decidem “reconstruir a civilização”. Só que, como era de se esperar, reconstruir o caos dá ruim. Muito ruim.
A produção reúne nomes de peso do cinema britânico e norte-americano, equilibrando veteranos experientes e novos rostos que mais tarde, ganhariam destaque em Hollywood. O elenco de Extermínio 2 conta com Robert Carlyle, Rose Byrne, Jeremy Renner, Catherine McCormack, Imogen Poots, Mackintosh Muggleton e Idris Elba.
A história de Extermínio 2
O enredo começa seis meses após os eventos do primeiro filme. O Reino Unido tenta se reerguer, com ajuda das forças americanas que supervisionam uma “zona segura” em Londres. Tudo parece relativamente sob controle, até que uma mulher imune ao vírus é encontrada, e o inferno começa de novo.
O protagonista, Don (Robert Carlyle), é um homem marcado pela culpa de ter abandonado a esposa durante o surto inicial. Quando ela reaparece viva e infectada, ele comete a primeira burrice do filme, dá um beijo nela, e a partir daí já dá para saber que o caos se espalha novamente.
Entre o Choque e a Superprodução
Juan Carlos Fresnadillo entrega um trabalho sólido, trazendo um ritmo intenso e cheio de imagens fortes. É fato que o prólogo do filme é um dos melhores começos de filmes de terror dos anos 2000. Nele temos muita tensão, perseguição e a sensação de impotência das vítimas. O problema é que o filme nunca mais atinge o mesmo nível de impacto que essa primeira sequência. Antes tivesse ficado só nessa primeira parte.
O roteiro, escrito por Rowan Joffé, Enrique López Lavigne, Jesús Olmo e o próprio Fresnadillo, tenta equilibrar ação e tragédia, mas falha bastante. Onde Boyle e Alex Garland haviam construído um pesadelo quase poético no primeiro filme, Extermínio 2 aposta mais na questão militar. Mas é um militarismo burro. A crítica social, que antes era antes sobre isolamento, medo e humanidade, agora vira uma metáfora sobre intervenção estrangeira e falhas no controle. Funciona, mas sem sutileza. E quando falamos em falha, aí que tudo piora. Um local que está praticamente em segurança máxima, com alertas e soldados vigiando, duas crianças burras conseguem fugir super fácil. Tudo acontece praticamente por culpa delas.
Extermínio 2 mergulha num ritmo frenético de destruição. Dá para perceber a tentativa de ampliar a escala dos acontecimentos, com helicópteros, exércitos, evacuações em massa, mas, no meio do pandemônio, o filme perde um pouco da humanidade e intimidade que tornavam o original tão aterrador. O foco passa do terror emocional para o espetáculo do desastre.

Bons Rostos, Mas Pouca Emoção
Robert Carlyle carrega bem o primeiro ato, mas o roteiro o abandona cedo demais. A força emocional se dilui, e o protagonismo passa para os jovens Tammy (Imogen Poots) e Andy (Mackintosh Muggleton), que cumprem o papel, mas sem carisma suficiente para sustentar o drama. Sim, são as crianças burras.
Jeremy Renner e Rose Byrne aparecem como soldados tentando manter a humanidade em meio ao colapso, são bons, mas presos a personagens funcionais demais. Ninguém aqui tem o arco marcante que Cillian Murphy teve no primeiro filme.
A fotografia de Enrique Chediak é, contudo, impecável. Ele mantém o grão e o contraste sujo que remetem ao primeiro filme, mas com câmeras mais estáveis e um visual mais limpo. Isso tira um pouco da angústia que tinha no primeiro filme. Ainda assim, as cenas noturnas e a sequência do helicóptero são visualmente impactantes, com um banho de sangue capaz de satisfazer qualquer fã de gore. Particularmente, tem uma cena de helicóptero com os zumbis que é um espetáculo.

Vale a Pena Assistir Extermínio 2?
Sim, Extermínio 2 vale a pena, mas com ressalvas. É um ótimo filme de ação apocalíptica, mas um terror mediano. Comparado ao original, perde em profundidade emocional.
Enquanto o primeiro Extermínio é uma aula de terror atmosférico, Extermínio 2 abraça o espetáculo militarizado, perdendo a essência da franquia, que é resgatado no terceiro filme.
Ainda assim, é uma sequência digna, com ótimos momentos de caos, tensão e desespero. Só não espere a mesma densidade emocional de 2002. Se o primeiro era um pesadelo existencial, o segundo é um pesadelo militarizado, barulhento, frenético e menos humano.
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Crédito da capa: Fox Atomic / Adaptação