A sequência aposta em mais sangue, produção refinada e um clima grotesco, mas ainda luta para encontrar uma identidade além do trash
Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2 (Winnie-the-Pooh: Blood and Honey 2) chega para expandir o universo bizarro criado no primeiro filme, trazendo de volta os personagens clássicos da infância em uma releitura bastante duvidosa. Se o primeiro Ursinho Pooh: Sangue e Mel era bem trash, feito com orçamento baixo, a sequência dá banho de sangue em comparação. Entretanto, isso pode ser tanto elogio quanto advertência.
Dirigido por Rhys Frake-Waterfield com roteiro de Matt Leslie, Sangue e Mel 2 mantém o conceito do filme anterior. O elenco de Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2 conta com o retorno de Scott Chambers no papel de Christopher Robin. Ryan Oliva assume a máscara perturbadora do Ursinho Pooh, acompanhado por Marcus Massey como Corujão e outros membros da sombria turma do Bosque dos Cem Acres.
E os direitos autorais?

Com o passar do tempo, personagens icônicos da cultura infanto-juvenil vão se tornando domínio público. Para quem não sabe, depois de determinado tempo estabelecido por lei uma obra perde o elemento do direito real ou de propriedade (direito autoral) não havendo, assim, restrição de uso de uma obra por qualquer um que queira utilizá-la.
O personagem Ursinho Pooh entrou em domínio público em 2022, e com isso várias produções podem ser realizadas sem a autorização da Disney, que detinha os direitos autorais até então. Ursinho Pooh: Sangue e Mel é a primeira adaptação de Pooh que leva o público aos cantos mais sombrios e perversos da mente do querido ursinho.
Uma sequência mais ousada
Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2 continua a história do primeiro filme, levando os moradores da cidade de Ashdown a lidarem com novas ondas de violência e mistério. Enquanto a comunidade tenta retomar uma vida normal após os acontecimentos passados, a tranquilidade é interrompida. Pooh, Leitão e companhia escapam das sombras em busca de vingança, enquanto Christopher Robin tenta sobreviver ao terror psicológico que se desenrola na cidade. Assim, o ambiente que antes simbolizava inocência e amizade se transforma novamente em um palco de medo e desespero.

Com novos personagens e o retorno de outros, a trama explora ainda mais o contraste entre lembranças infantis e a verdade aterrorizante. O filme conduz o público por uma narrativa tensa, marcada por perseguições, segredos e confrontos intensos, preparando terreno para momentos que desafiam a sanidade dos que se envolvem com a ameaça que ronda Ashdown.
Rhys Frake-Waterfield dessa vez contou com um orçamento maior e uma produção mais ambiciosa, elevando o nível técnico em relação ao primeiro filme. O filme apresenta ótimas sequências de carnificinas repletas de gore. Entretanto, os tropeços e alguns exageros na CGI reforçam o trash da produção.
Destaque para a maquiagem prática, os efeitos de gore e a ambientação sombria, que aposta no visual grotesco para compensar as fragilidades da narrativa e consolidar sua identidade trash. A ambientação está um pouco mais ajeitada, os trajes estão mais “pavorosos” e o gore foi explorado com maior vontade e exagero, o que já melhora bastante, considerando o primeiro filme.
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Entretanto, um roteiro cheio de falhas e parecido com outra produção
As melhorias no orçamento ajudaram em muitos aspectos, mas não ache que isso basta para tornar o filme memorável. A narrativa ainda tropeça demais em diálogos rasos, previsibilidade e violência gratuita, transformando a produção em um espetáculo vazio. Algumas coisas contadas no segundo filme contradizem o que foi dito no primeiro,
A produção desenvolve um pouco mais a história de Christopher Robin, apresenta sua família, suas perdas e os traumas que ele sofreu e ainda sofre. Assim, o filme tenta costurar um enredo voltado para a rivalidade, os traumas, a culpa, o abandono. Entretanto, pende demais para o choque sem sustentar esses temas com profundidade. Temos “monstros” ameaçadores, cruéis e com motivações duvidosas. Mas também temos personagens humanos rasos, sem desenvolvimento, e alguns bem clichês com motivações que parecem só justificativas para as cenas de carnificina.

Surpreendentemente, o que mais espanta é a similaridade com a história de Five Nights at Freddy’s. Temos crianças sendo sequestradas e passando por experimentos. Ok, não posso falar muito mais do que isso para não dar spoiler. Algo interessante é que o filme original passa na televisão dentro da sequência. Como se o primeiro filme fosse apenas uma reconstituição fantasiosa do que aconteceu. Assim, muitas contradições e até mesmo o figurino anterior não precisa ser questionado, dando aos envolvidos maior liberdade nessa sequência.
A atuação também é mais forte, com Scott Chambers em um papel principal simpático como o sempre problemático Christopher Robin, e embora muitos dos outros personagens sejam arquétipos de filmes de terror, eles pelo menos se tornam um pouco mais simpáticos por suas atuações sinceras.
Vale a pena assistir

No fim, Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2 é uma evolução em relação ao primeiro, mas isso é pouco para quem espera algo além do gore. A produção tenta explicar muita coisa, mas acaba deixando muitas lacunas em aberto, até mesmo para desenvolver em outras sequências.
Se você gosta de mortes sem motivações e muito sangue jorrando no estilo Tarantino, você poderá gostar do filme. Mas se você espera trama sólida ou algo com sustos e terror psicológico, é melhor não criar muitas expectativas.
Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2 está disponível na Prime Video.
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Crédito: Divulgação Jagged Edge Productions
