Demon Slayer: Castelo Infinito é o mais recente filme da franquia Kimetsu no Yaiba, dirigido por Haruo Sotozaki e animado pelo estúdio Ufotable. A produção representa o primeiro capítulo de uma trilogia cinematográfica que adapta um dos arcos finais do mangá homônimo de Koyoharu Gotoge, publicado entre 2016 e 2020.
Lançado no Japão em julho, Castelo Infinito quebrou diversos recordes de bilheteria, incluindo o de maior arrecadação em um único dia. Além disso, conseguiu também o de maior bilheteria diária de todos os tempos no país. O filme permaneceu no topo por sete semanas consecutivas, o que acumulou US$ 204 milhões. Assim, Castelo Infinito se tornou o longa de maior bilheteria do ano no Japão, além de atingir a terceira posição histórica no ranking de arrecadação do país.
Com produção pelo estúdio de animação Ufotable, o filme tem direção de Haruo Sotozaki, que também esteve à frente da série. Com ambientação na era Taisho do Japão, a história acompanha Tanjiro Kamado, um jovem que se une ao Demon Slayer Corps após sua irmã mais nova, Nezuko, se transformar em demônio. A narrativa combina ação intensa, drama familiar e elementos sobrenaturais, mantendo a essência que consagrou a franquia.
A história de Demon Slayer: Castelo do Infinito
Depois dos acontecimentos do arco do Treinamento dos Hashiras, Tanjiro, Nezuko, Zenitsu, Inosuke e os Hashiras se preparam para o confronto definitivo contra Muzan Kibutsuji, o criador de todos os onis (demônios). O Castelo do Infinito é o domínio de Muzan, uma dimensão distorcida criada por ele, e controlada pela lua superior Nakime, onde corredores, salões e escadarias se movem como um labirinto sem fim.
É nesse cenário caótico que acontece a batalha final entre os Caçadores de Oni e os Doze Kizuki restantes. Cada Hashira e cada personagem importante é lançado para uma parte diferente do castelo, enfrentando inimigos formidáveis em combates brutais e emocionais. Além disso, durante as lutas, são apresentados flashbacks importantes, desenvolvendo as histórias dos personagens.
Direção e Roteiro
A direção de Sotozaki e a produção da Ufotable já tinham demonstrado rigor visual e cuidado estético nas temporadas anteriores e se mantém de forma surpreendente. A construção do Castelo Infinito é impressionante. Ele é um ambiente quase vivo, distorcido, com uma atmosfera de um pesadelo repleto de demônios. Se no mangá o castelo já era legal, ele ganhou mais vida ainda no anime. É praticamente uma cidade, com prédios, construções magníficas, e “metrôs” com onis saindo pelas portas.
Em relação ao roteiro, percebe-se um aprofundamento nos personagens, inserindo novas informações e desenvolvendo mais os personagens. As motivações dos vilões receberam um maior aprofundamento, e há equilíbrio entre ação e emoção. Certamente, quem escreveu pensou em agradar mais ainda os fãs, e também em tornar a história acessível a quem possa estar chegando agora. É fato que algumas cenas se prolongam demais, e que dois filmes já resolveriam todo o arco, ao invés dos três já informados. Entretanto, o excesso de flashbacks pode cansar alguns espectadores, mas eles são totalmente necessários e garantem uma maior imersão e explicação para a obra como um todo.
Além disso, o filme explora bem a dualidade entre luz e sombra. Os onis, além de seres monstruosos, espelham medos humanos mais profundos: arrependimento, arrogância, desejo de poder e de deixar de ser humano. Assim, a narrativa consegue em muitos momentos fazer o espectador questionar quem realmente está “errado” ou “certo”, provocando empatia até mesmo com os antagonistas.
Dublagem e Animação
Como é um filme de animação, o “elenco” se refere às vozes originais já conhecidas da série. Os dubladores japoneses entregam interpretações maravilhosas: Tanjiro soa mais maduro, com falhas emocionais evidentes; Giyu Tomioka e Shinobu Kocho têm seus momentos de raiva bem explorados. Os vilões, em especial as Luas Superiores Akaza e Doma, ganharam camadas que vão além do “mal por ser mal”, com vozes e cenas que transmitem culpa, orgulho distorcido e desespero. Por mais que a dublagem brasileira tenha ficado excelente, a japonesa tem mais camadas. Além disso, alguns personagens combinaram mais com a voz japonesa do que a brasileira.
A animação está fantástica, sendo um dos pontos mais arrasadores do filme. A iluminação muda conforme o humor, há espaços escuros, vazios, corredores de pedra úmida, enquanto momentos de luz (ou de pura cor) aparecem como respiros emocionais. O Castelo Infinito como cenário visual é quase um personagem: seus espaços deformados, seus corredores que desafiam a gravidade, espelhos, portas que se abrem para o abismo tudo contribui para que cada quadro seja bonito e perturbador. As cenas de luta são bem coreografadas, com excelente uso de efeitos visuais entre 2D e 3D, luzes, sombras e movimento. que mantêm o público fisicamente tenso durante bastante tempo.
Há momentos em que o longa pesa demais na ação para quem esperava mais diálogo interno ou desenvolvimento de caráter secundário. Alguns personagens ficam mais no suporte visual e simbólico do que na complexidade. Isso é comum em obras desse porte, principalmente adaptadas de mangá com muitos arcos.
Vale a pena assistir Demon Slayer: Castelo Infinito?
Certamente Demon Slayer: Castelo Infinito é uma experiência cinematográfica que entrega o que promete e muito do que os fãs esperavam. É visualmente deslumbrante, emocionalmente poderoso e tecnicamente impressionante. Pode pesar um pouco pra quem prefere ritmo constante ou menos batalhas sanguinolentas, mas mesmo com esses pontos, ele se sustenta como um dos melhores filmes de anime recentes.
Por fim, a produção possui méritos suficientes para ser indicado para a categoria de Melhor Animação no Oscar 2026. Tais méritos incluem questões técnicas, narrativa visual, a grande popularidade e os recordes de bilheteria que tem alcançado.
Demon Slayer: Castelo Infinito está em cartaz nos cinemas brasileiros.
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Crédito da capa: Divulgação Ufotable
