O especial que inicia as comemorações de 60 anos de Doctor Who, chegou ao Disney+ no último sábado (25). Eis que surge o 14º Doutor, num reencontro com a sua melhor amiga de todo universo, Donna Noble. Numa aventura que parece simples, mas que possui diversas camadas e críticas atuais. Aqui está a nossa crítica Doctor Who: A Fera Estelar (The Star Beast).
O episódio especial de 60 anos de Doctor Who vem logo após o período conhecido como a era mais fraca de todos os tempos. Claro que a culpa não vem da intérprete da 13ª Doutora, Jodie Whittaker, e sim, do showrunner Chris Chibnall, que conseguiu a proeza de transformar Doctor Who em uma série totalmente diferente, no lado ruim de diferente. As temporadas encabeçadas por Chibnall sofreram com falta de consistências no plot, baixa audiência, cortes de verba e episódios, além disso tirou uma das coisas mais divertidas da série, os especiais de Natal e os substituindo por especiais de Ano Novo.
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Então com todos esses problemas, falta de aceitação, pelos fãs, e não conseguindo atrair um novo público. A BBC tinha a difícil tarefa de fazer com que Doctor Who ganhasse relevância novamente, para realizar as comemorações de 60 anos. A primeira coisa que fizeram foi chamar novamente o homem que trouxe Doctor Who do limbo da BBC, Russell T Davies. O roteirista e produtor se tornou responsável por trazer a série em uma nova dinâmica e com uma regeneração do Senhor do Tempo, assumindo a liderança do show entre os anos de 2005 e 2010. Além disso, também foi o responsável pelas séries spin-off Torchwood e As Aventuras de Sarah Jane.
A segunda coisa foi a venda dos direitos de exibição para a Disney, onde todos os episódios desde os especiais de 60 anos e a nova série serão exibidos pelo Disney+. Esse ponto talvez seja o mais acertado, já que grande parte do público possui uma assinatura no streaming, seja por conta dos produtos Marvel ou Star Wars. E certamente, estar localizado em streaming de fácil acesso, ajudará a fidelizar um novo público. Dadas algumas explicações, vamos a crítica de Doctor Who: A Fera Estelar (The Star Beast).
Um novo Doutor, mas um velho rosto
Após os eventos do especial The Power of the Doctor (O Poder da Doutora), vemos que a 13ª Doutora se regenera e se torna um novo Doutor. Porém, esta nova regeneração tem um “problema“, ela tem o mesmo rosto do 10º Doutor. E assim, surge um dos maiores mistérios que os especiais 60 anos irão explorar. A história de A Fera Estelar (The Star Beast) começa com um prólogo onde o 14º Doutor explica que não pode encontrar Donna Noble, caso aconteça ela morrerá.
Assim vemos RTD trabalhando um reencontro entre o Doutor e Donna, enquanto vai construindo uma trama de invasão planetária de fundo. Se passaram mais de 13 anos desde a última vez que vimos Donna Noble, agora ela está casada e com uma filha, chamada Rose Noble. A garota é uma jovem trans e não-binária, que sofre com o preconceito das crianças da vizinhança, porém é bem aceita pela família. Até vemos uma bela cena, em Donna diz que faria de tudo pela felicidade da filha. A jovem também trabalha fazendo alguns brinquedos de pelúcia, para ajudar nas contas de casa.
Ao mesmo tempo vemos uma nave caindo na cidade, mas Donna não consegue ver, assim o Doutor se encaminha onde ocorreu a queda. Podemos ver que o episódio mantém o plot, em que se a Donna se lembrar das suas aventuras com o Doutor, ela morrerá. E sua mãe, Sylvia Noble, tenta ao máximo fingir que essas coisas não são reais. Mas, a história uma bela virada na parte final, no qual resolve esse problema das memórias de Donna.
A Fera Estelar
O plot da Fera Estelar começa quando uma nave cai no planeta, mas que de acordo com Shirley Anne Bingham (Ruth Madeley), uma consultora científica da UNIT, ela não caiu. Informando que no último segundo ela “estaciona” ao invés de cair. Assim, começamos a trama do episódio, um alien conhecido como Meep diz que está fugindo dos Wrath Warriors. O enredo consegue ser bem coeso e simples de entender, apostando em algo que RTD faz muito bem que é plot twists inesperados.
Tudo o que adoramos e aprendemos a gostar em Doctor Who, volta neste episódio. Com um roteiro baseado no arco dos quadrinhos de Doctor Who chamado: Doctor Who and the Star Beast. O quadrinho tem como principal o 4º Doutor, mas que teve uma ótima adaptação para o especial. Apesar do enredo bem simples, ele traz toda a carga do que é Doctor Who. Sendo bastante épico, mesmo com os efeitos especiais melhorados, carrega aquela breguice que só Doctor Who tem.
A mensagem que o episódio traz é que devemos nos aceitar como somos. Mesmo sendo difícil e complicado, esse é o primeiro passo para que os outros aceitem quem nós queremos ser. Isso é mostrado na relação de Rose com sua família, onde seus pais já entenderam e respeitam as suas escolhas. E temos Shirley Anne Bingham, a chefe de operações nessa missão, que também é cadeirante. Mas, que não deixa nada atrapalhar com que ela consiga realizar seu trabalho, além disso, a personagem é dona das melhores cenas do episódio.
Vale a pena?
A resposta para essa pergunta é: “Sim.”, o episódio consegue ser uma excelente porta de entrada para os novos telespectadores. Assim como, um ótimo resgate para os fãs de longa data que sobreviveram a pior era da série. RTD entrega uma história muito boa, cheias de críticas e ao mesmo tempo engraçada, algo que só o roteirista consegue entregar. Além claro, de misturar diversos elementos de scifi, coisas que eram vistas na Era Moffat de Doctor Who. Sendo assim, uma grande alegria para quem curte as duas eras da série.
Porém, nem tudo é perfeito no episódio, o upgrade e a maneira que a chave de fenda sônica foi utilizada. O grande orçamento que a série recebeu, fez com que abusassem demais do equipamento. Por alguns momentos dá para questionar, se é a mesma chave de fenda sônica que conhecemos. Mas, se isso vai perdurar ou se vai ser algo dos especiais vamos ter que aguardar.
Para encerrar, o episódio termina com um gancho para o futuro, sobre alguém manipulando as ações do vilão do episódio. Ao que tudo indica ele está falando do The Toymaker, o personagem de Neil Patrick Harris. E assim, teremos que esperar o segundo especial Wild Blue Yonder (Além do Azul Selvagem), para descobrirmos mais. O segundo episódio chega ao Disney+, no dia 02 de dezembro.
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