Luc Besson abandona o horror e entrega um romance gótico esquecível sobre o mito de Drácula

A nova adaptação livre do clássico de Bram Stoker, Drácula: Uma História de Amor Eterno, estreia nos cinemas brasileiros no dia 7 de agosto, com distribuição da Paris Filmes. Dirigido por Luc Besson (de O Quinto Elemento e Lucy), o longa propõe uma releitura ousada do vampiro mais famoso da cultura pop. Contudo, ao transformar o monstro num romântico trágico, o filme esvazia parte do fascínio sombrio que consagrou o personagem no imaginário coletivo.

Um Drácula sensível demais

Com 129 minutos de duração e classificação indicativa de 16 anos, o filme abandona o terror e mergulha num romance gótico melancólico, quase operístico. A trama acompanha Vlad (Caleb Landry Jones), que, após perder sua amada Elisabeta, renuncia a Deus e é amaldiçoado com a imortalidade. Séculos depois, ele acredita reencontrar o amor em uma jovem idêntica à esposa morta, vivida por Zoë Bleu.

Ao invés de optar pelo horror ou pelo suspense, Luc Besson escolhe a estética barroca: figurinos extravagantes, cenários que evocam óperas europeias e uma trilha sonora assinada por (Danny Elfman), que valoriza o tom dramático. Visualmente, o longa é impecável — mas falta substância. A trama se estende por 400 anos, mas o ritmo não acompanha essa grandiosidade, tornando o terceiro ato arrastado.

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Drácula: Uma História de Amor Eterno (2025) | Caleb Landry Jones Cena do filme | Foto: Trailer Oficial

Atuações boas em um filme morno

Caleb Landry Jones entrega um Drácula mais próximo de um poeta sofredor do que de um ser ameaçador. Sua performance, influenciada por Gary Oldman e pela figura de Werther, imprime sensibilidade e dor. Ao seu lado, Christoph Waltz surge como um padre em conflito com o conde. Os diálogos entre os dois representam os momentos mais fortes do filme.

No entanto, o elenco se vê limitado por um roteiro que prefere o estilo à profundidade. Zoë Bleu, por exemplo, brilha nas poucas cenas em que consegue escapar da função de “musa” e se afirma como personagem. Ainda assim, falta complexidade — especialmente para quem esperava uma abordagem mais visceral do mito vampírico.

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Drácula: Uma História de Amor Eterno (2025) | Caleb Landry Jones Cena do filme | Foto: Trailer Oficial

Amor eterno com gosto de sessão da tarde

Drácula: Uma História de Amor Eterno não é, nem de longe, o melhor trabalho de Luc Besson. A tentativa de reinventar o vampiro como herói romântico pode soar interessante no papel, mas enfraquece o impacto da obra no cinema. Ao abraçar o melodrama e abandonar o terror, o diretor entrega um filme mediano, visualmente bonito, porém esquecível.

Essa releitura agrada quem busca uma fantasia romântica leve. Porém, se você é fã dos monstros clássicos, ou ainda se tem carinho pela obra original de Bram Stoker, o longa pode parecer uma traição estética. É um Drácula sem dentes — suave demais, emocionalmente raso e com cara de sessão da tarde.

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Drácula: Uma História de Amor Eterno (2025) | Caleb Landry Jones | Poster Oficial do filme | Foto: IMDB

Vale a pena assistir?

Somente se você estiver em busca de um drama gótico despretensioso. Para fãs do vampiro como ícone sombrio, ou para quem esperava algo próximo ao recente (Nosferatu) de Robert Eggers, este título provavelmente será uma decepção. Com cenas que funcionariam melhor na tela do streaming do que no cinema, e um clima romântico que dilui a potência do personagem, o filme se posiciona como mais uma adaptação que prefere o estilo ao conteúdo.

Drácula: Uma História de Amor Eterno estreia em 7 de agosto de 2025, exclusivamente nos cinemas brasileiros.