Estreia dia 21 de outubro o tão esperado “Duna”, filme baseado no livro homônimo e escrito por Frank Herbert e que foi lançado em 1965. O livro ficou bastante famoso e se tornou um dos mais vendidos de todos os tempos no gênero Ficção Cientifica. Vale lembrar que já existiu um filme anterior, em 1984, mas que não agradou e não se tornou nem de longe um queridinho do Sci-Fi.

Agora em 2021 é lançado o filme do diretor Denis Villeneuve, com roteiro de Eric Roth, Jon Spaihts e Denis Villeneuve. A história se passa em um futuro bem distante da nossa realidade, onde a terra já não é mais habitada e vários outros mundos passaram a se tornar casa para humanos e não-humanos. O sistema político, Império Galáctico Feudal faz com que planetas sejam controlados por casas nobres e que usam esses planetas como fonte de sustento, riqueza e principalmente poder.

A história de Duna gira em torno da Casa dos Atreides, especialmente no jovem Paul Atreide, herdeiro da Casa e que mantém um segredo importante, segredo esse que nem ele mesmo desconfiava, até seu pai ganhar do imperador o planeta Arrakis, que outrora era dominado pelo povo Harkonem, um povo violente e brutal que por anos escravizou e matou o povo local, os Fremems. Em Duna, existe um material muito valioso, que é chamado de especiaria, e que é usado para as viagens interplanetárias.

Ao longo do filme podemos perceber como que o sistema político no modelo Feudal, a disputa por território é o que de fato move as coisas. O filme usa muito bem os recursos dos diálogos para explicar a situação do universo, e deixa muito claro que apesar de ser um sistema político instaurado, ele vive numa instabilidade muito grande, pelo domínio do poder e com várias conspirações e armações para que algumas casas tenham mais poder que outras. Paralelo a tudo isso ainda existe uma seita de bruxas que comanda todo o poder de maneira obscura e que guardam o segredo a respeito do Paul Atreide e suas habilidades que estão muito além do que ele pode imaginar.

O diretor, que também participou da elaboração do roteiro teve uma preocupação muito grande em gastar um certo tempo introduzindo toda a história, que é bem complexa e densa, mas a sutileza escolhida nos diálogos, nas cenas externas e na amarração dos fatos, pode servir para introduzir ao universo quem nunca ouviu falar de Duna e ao mesmo tempo conseguir agradar quem já conhece pelos detalhes. O filme gasta o primeiro ato para demonstrar e explicar quem é Paul, e sobre suas habilidades, e gasta pouco tempo para construir a narrativa política, que só é de fato introduzida no segundo ato. Essa demora em ir direto ao ponto faz com que se tenha a percepção do roteiro ser ao mesmo tempo lento em explicar e corrido para passar a próxima etapa. Mas é importante lembrar que o filme tem 2 horas e meia de duração, então, mesmo que de maneira bem confusa as coisas acabam chegando no lugar no terceiro ato.

A personagem de Zendaya, Chani, que é uma Fremem aparece no filme quase que em sua totalidade através de memorias e sonhos do Paul, e ganha poucos minutos de tela realmente, e isso pode deixar os fãs dela meio bravos, mas se tudo se concretizar como esperado, na sequência, que se espera ter, o papel dela é decisivo na história do planeta e de Paul. O filme é descrito como Duna: Parte 1, ou seja, é claramente possível ter uma sequência, já que o final desse filme é meio sem sentido, se comparado com o filme de 84, e claro, com o Livro.

Um ponto que chama bastante atenção em Duna é seu elenco, que conta com grandes astros de Hollywood. Timotheé Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson, Jason Momoa, Josh Brolin, Dave Bautista,  Stellan Skargard, Oscar Isaac, Javier Bardem, David Dastmalchian, Charlotte Rampling, além de várias caras novas como Babs Olusanmokun, Sharon DuncanBrewster. O Diretor Denis Villeneuve não tem medo de usar o seu elenco Five stars a favor da história, mesmo que sejam em poucas cenas. Então, de certa forma, até mesmo os personagens com pouco tempo de tela atuam de maneira impecável. É preciso destacar antes de falar do enredo como a fotografia é um ponto a parte em Duna. As fotografias são de tirar o fôlego, tanto na terra natal dos Atreides, mas principalmente no deserto de Arrakis, onde ficam as minas e as cavernas onde moram os Fremems.

Ao longo de toda a trama, o diretor nos leva a visitar as várias facetas humanas, o medo, o ódio, o rancor, a inveja, a disciplina, a traição, e a perseverança. Agora cabe esperar para ver se Duna agrada os fãs dos livros, já que Villeneuve tomou muitas liberdades poéticas com a trama (e não, ele não inventou muita coisa não, podem despreocupar).

Duna é de fato um dos melhores filmes do gênero até agora, com uma fotografia impecável, mixagem de som do mais alto nível e uma direção preocupada com os detalhes.