Família, Pero No Mucho aposta no confronto cultural entre Brasil e Argentina – o filme diverte, mas não foge da fórmula tradicional
Em Família, Pero No Mucho, Leandro Hassum retoma a cartilha das comédias familiares da Netflix. A produção segue a mesma linhagem de Tudo Bem no Natal Que Vem (2021) e Meu Cunhado É um Vampiro (2023), agora explorando a rivalidade bem-humorada entre Brasil e Argentina.
A trama se desenrola quando um pai brasileiro, vivido por Hassum, precisa lidar com a ideia do casamento da filha. Para conquistar de volta o coração dela, ele terá que enfrentar seus sogros argentinos durante uma viagem a Bariloche.

Carisma e clichês em equilíbrio em Família, Pero No Mucho
A premissa rende bons momentos de confronto cultural: piadas sobre futebol, sotaque, e muito mais. O elenco argentino, com nomes como Simón Hempe, Gabriel Goity e Abril Di Yorio, soma carisma à trama. Do lado brasileiro, Julia Svacinna, Karina Ramil e João Barreto sustentam o núcleo familiar ao lado de Leandro Hassum com humor e sensibilidade.
No entanto, a comparação inevitável com comédias ao estilo “família absurda, situações extremas”, acaba ressaltando a previsibilidade do roteiro.
Vários diálogos e cenas seguem fórmulas já vistas: o pai atrapalhado, a sogra que alerta para todo perigo, e o momento de redenção em que todos aprendem a se respeitar.
Para quem conhece o “estilo Leandro Hassum”, repleto de expressões caricatas e quedas de tom escrachadas, não há muitas surpresas.
Apesar disso, Família, Pero No Mucho acerta ao equilibrar escopo internacional e calor latino, sem descambar para estereótipos ofensivos.

Humor na medida certa: direção, elenco e cenário se complementam
A direção de Família, Pero No Mucho acerta ao manter o ritmo ágil e a leveza cômica que são a marca registrada de Leandro Hassum, valorizando os momentos de rivalidade cultural sem deixar o humor escorregar para o escárnio gratuito.
O diretor opta por enquadramentos amplos durante as cenas de Bariloche, enfatizando tanto a beleza gelada da Patagônia quanto a pequenez dos personagens diante da paisagem.
No elenco, Hassum lidera com seu carisma habitual, mas divide bem a cena com atores argentinos, cujo sotaque e timing oferecem contraponto genuíno ao humor brasileiro.
A trilha sonora cria uma atmosfera divertida e multicultural, embalando as cenas de tensão familiar com leveza. Por fim, a fotografia explora bem os cenários, especialmente as paisagens de Bariloche, e mantém uma estética agradável que ajuda a criar o clima familiar e descontraído, mas sem grandes ousadias visuais.
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Vale a pena assistir Família, Pero No Mucho?
Se a ideia é relaxar com risadas fáceis e um conflito cultural divertido, sim. Mas quem busca originalidade ou diálogos afiados pode se frustrar com os clichês. No fim das contas, Família, Pero No Mucho diverte, mas não escapa do “mais do mesmo” das comédias familiares já conhecidas.
Portanto, se você gosta de filmes descomplicados que promovem risadas sem grandes pretensões, esta é uma boa pedida. A produção celebra a convivência entre Brasil e Argentina com bastante carisma.
Imagem de capa: Guilherme Laporace/Netflix
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