“Five Nights at Freddy’s 2” chega aos cinemas com a clara missão de entregar exatamente aquilo que o fandom pediu: mais animatrônicos, mais fanservice, mais flertes com os jogos. O filme praticamente joga baldes de referências na sua cara. Quem conhece a franquia sai sorrindo igual o Freddy depois de um jumpscare bem dado.
A produção é um live-action de uma franquia de jogos de survivor horror/terror criada pelo norte-americano Scott Cawthon. Nos jogos você precisa vigiar a Pizzaria Freddy Fazbear, sem ser pego e morto pelos animatrônicos. Surpreendentemente o jogo fez tanto sucesso que já possui mais de 10 jogos lançados! O primeiro jogo teve lançamento em 2014, virando uma febre nas redes sociais devido às gameplays e reacts mostrando os sustos dos jogadores, se tornando assim, um sucesso de crítica e vendas. A franquia possui 4 jogos principais e outros spin-offs já lançados. Embora muitas crianças joguem, a classificação dos jogos variam entre eles, sendo para maiores de 12 e outros para maiores de 16 anos.
Uma continuação, mas nem tanto…

A continuação de “Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim”, acontece um ano após os eventos sinistros na Freddy Fazbear’s Pizza…Assim, o que aconteceu naquela noite se transformou em lenda urbana, ganhando contornos exagerados e se tornando parte do folclore local. A comoção inspirou até mesmo o primeiro Fazfest da cidade. Enquanto isso, Mike (Josh Hutcherson) e a policial Vanessa (Elizabeth Lail) escondem de Abby (Piper Rubio), agora com 11 anos, toda a verdade sobre os animatrônicos e o terror que viveram.
Mas quando Abby, impulsionada por um desejo inocente de reencontro, escapa para rever Freddy, Bonnie, Chica e Foxy, ela desencadeia uma nova onda de horrores. O retorno aos corredores da pizzaria começa a revelar segredos enterrados sobre a origem dos mascotes animatrônicos, e desperta um mal antigo que há décadas permanecia adormecido.
Um universo grande demais para um filme pequeno

A história do segundo filme é baseada no segundo jogo da franquia. É lógico que com algumas adaptações, mas é bem fiel aos elementos do jogo. A sequência tenta abraçar tanta coisa ao mesmo tempo que vira um sanduíche de pequenas histórias mal resolvidas. Tem subtrama que aparece, dá um tchauzinho e some. Tem personagem que promete muito e entrega pouco e tem momentos que parecem pedaços de um quebra-cabeça que ninguém se deu ao trabalho de montar. A sensação é de um roteiro apressado tentando dar conta de tudo, mas sem desenvolver nada com calma.
O longa insiste em fazer “construção de universo”, trazendo protótipos de animatrônicos mais perigosos no porão da Freddy’s, criando relações espirituais complexas e expandindo a mitologia. Entretanto, tudo parece desmontado, como uma grande caixa de peças sem instrução de montagem.
E o detalhe mais gritante? O filme simplesmente esquece um ponto crucial da história de Mike: o irmão desaparecido. No primeiro filme isso era o coração emocional do personagem, aqui, vira quase um item perdido no inventário. Nada de aprofundamento, nada de consequência. É como se tivessem apertado delete no drama do protagonista para abrir espaço para mais cenas dos animatrônicos (que estão incríveis, mas né… um roteirinho caprichado não faria mal). O roteiro praticamente ignora o drama de Mike. Toda a esperança que os espectadores nutriram sobre descobrir o que aconteceu com a criança, é simplesmente deixada de lado, como “algo superado”.
O terror que quer agradar, mas tropeça no básico

Os animatrônicos continuam sendo o maior atrativo, sendo enormes, metálicos, barulhentos e visualmente imponentes. Porém, essa força se esgota em minutos. Emma Tammi, retornando à direção, encena as mortes com tanta suavidade e pudor que tudo parece um filme de terror versão TV aberta, limpo demais, sem impacto, sem peso, quase higienizado. E aí está o paradoxo que o filme não resolve. Ele tenta ser mais sombrio, mas evita o terror verdadeiro; quer ser maduro, mas mantém o tom de um longa para adolescentes de 13 anos. Isso sempre foi parte do apelo comercial da franquia, e o maior problema do filme. A suavidade das coisas acaba diminuindo o terror que o filme poderia entregar, e que o público no geral gostaria de assistir.
O filme ainda tenta enfiar flashbacks de 1982, reincorporar o vilão de Matthew Lillard, explicar a fusão espiritual da Marionete e desenvolver relações entre Mike, Abby e Vanessa. Tudo isso enquanto insere um monte de animatrônicos atacando personagens aleatórios em sequências pouco inspiradas. Muita informação, pouco impacto.
A fotografia do filme traz a imersão dos jogos com uma trilha sonora que lembra bastante os jogos de video-game. Os atores também entregam boas interpretações, mas são infelizmente podados por um roteiro que poderia entregar muito mais.
Vale a pena assistir “Five Nights at Freddy’s 2”?
“Five Nights at Freddy’s 2” segue firme na pegada do primeiro filme, mas expande o caos tirando os animatrônicos do ambiente tradicional da Freddy Fazbear’s Pizza. A adaptação incorpora de forma bem fiel vários elementos marcantes do segundo jogo, como o uso da máscara do Freddy para despistar os animatrônicos e a famosa caixa de música que mantém a Marionete “calma”. O resultado é um filme divertido, cheio de referências queridinhas da franquia, e perfeito para quem quer sentir aquele gostinho nostálgico de sobreviver à noite… mas agora no cinema.
É um filme bom, diverte bastante, traz muitas referências aos jogos, mas temos que lembrar que é um filme de terror com a classificação +14 anos. Não espere um filme com muito sangue, com pessoas despedaçadas e tal. É um filme feito para atender ao público mais novo e os jogadores mais antigos. Ou seja, é um filme comercial, com o intuito de arrecadar dinheiro também através dos jogos, bonecos, e outros produtos afins.
“Five Nights at Freddy’s 2” está em cartaz nos cinemas.
Imagem da capa: Universal Pictures / Divulgação
═════════════════════════════════════════════════════════════
🩸 Para mais textos, análises e notícias sombrias sobre o mundo do terror, siga o Geek Sinistro nas redes sociais e não perca nenhuma novidade arrepiante.
