Entre metáforas religiosas, violência brutal e atuações intensas, o filme mostra como a busca pela grandeza pode ser tão destrutiva quanto vitoriosa.
A trama
Cameron Cade (Tyriq Withers) é um jovem quarterback com futuro promissor. Após um acidente misterioso, ele vê sua carreira ameaçada. A chance de redenção surge quando Isaiah White (Marlon Wayans), astro veterano considerado o verdadeiro GOAT — greatest of all time —, o convida para treinar em um retiro isolado no deserto. O que parece ser a oportunidade dos sonhos logo se revela um mergulho em rituais brutais, alucinações e provações físicas que ultrapassam qualquer limite humano.
A crítica social por trás do horror
O futebol americano é mais que esporte: é um símbolo cultural dos Estados Unidos. Transformá-lo em um thriller de terror era uma escolha ousada e necessária. “GOAT” aborda o preço da idolatria, a masculinidade tóxica e a pressão por resultados, além de sugerir um paralelo perturbador entre culto religioso e obsessão esportiva. As alucinações de Cameron, ligadas ao trauma cerebral que tantos atletas enfrentam, reforçam a crítica à realidade cruel escondida sob o espetáculo.

Estilo visual e direção
Justin Tipping aposta em uma estética maximalista: cores saturadas, luzes contrastantes, cortes frenéticos e cenas que lembram videoclipes. O deserto ganha um ar de pesadelo, onde cada sombra carrega tensão. O estilo impressiona, mas por vezes sufoca a narrativa. A trilha sonora de Bobby Krlic, repleta de batidas intensas, amplia o impacto visual, embora exagere ao gritar o tempo todo.

Atuações
Marlon Wayans surpreende com um Isaiah hipnótico e assustador. Seu carisma domina cada cena, equilibrando charme e sadismo. Tyriq Withers entrega vulnerabilidade e fisicalidade ao protagonista, ainda que sua calma excessiva em alguns momentos reduza o suspense. Julia Fox, deslocada e caricatural, traz humor involuntário como figura glamourosa do universo esportivo.
Referências e simbolismos
O longa ecoa o clima de “Suspiria” (1977), tanto no uso das cores quanto na jornada do aprendiz que descobre um mundo oculto e brutal. Metáforas religiosas permeiam a trama: sangue, sacrifício e até representações visuais da Última Ceia. Essas alegorias, embora fortes, acabam sobrecarregadas pela insistência do diretor em explicar cada símbolo.

Vale a pena assistir?
“GOAT” não entrega a revolução prometida, mas também não é um fracasso. É irregular, às vezes confuso, mas provocador. O filme mistura terror, esporte e crítica social em uma combinação rara, com atuações marcantes e imagens inesquecíveis. Pode incomodar fãs conservadores do futebol americano, mas merece ser visto no cinema.
“GOAT” (2025) está em cartaz exclusivamente nos cinemas brasileiros.
Créditos da capa: Parrish Lewis/Universal Pictures
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