O longa Jovens Amantes (“Les Amandiers“), da diretora Valeria Bruni Tedeschi, aborda a vida de jovens amantes de teatro. Ambientado na França e nos Estados Unidos, o filme francês lançado originalmente em 2022 chega aos cinemas brasileiros. A história aborda a vida dos jovens atores e o amadurecimento deles, enquanto frequentam uma renomada escola de teatro e lidam com os problemas pessoais.

O Enredo

A trama se passa no final da década de 1980. Na história, Stella (Nadia Tereszkiewicz), Victor (Vassili Schneider), Adèle (Clara Bretheu) e Etienne (Sofiane Bennacer) participam de um processo seletivo de admissão para a famosa escola de atuação criada por Patrice Chéreau (Louis Garrel) e Pierre Romans (Micha Lescot) no Théâtre des Amandiers em Nanterre. Apesar da história abordar de forma rasa a história de cada um dos personagens, o foco central do longa acaba ficando na vida de Stella e o romance instável que ela mantém com Etienne.

No início conhecemos cada um dos candidatos – que futuramente vão ser aceitos ou não na escola – e suas motivações para estar ali. O elenco consegue transmitir todas as incertezas, angústias, inseguranças e medos dos personagens. A forma encontrada para apresentar cada um deles logo nos primeiros minutos foi um acerto, o problema acaba sendo o desenvolvimento das histórias ao longo das mais de duas horas de filme.

O foco, que deveria ser nesses jovens e no amadurecimentos deles durante o curso. Porém, muitas vezes a história acaba se perdendo no romance tóxico de Stella e Etienne e os outros personagens ficam para escanteio, perdidos em meio ao caos.

Still do fIlme "Jovens Amantes"
Créditos: Divulgação

Amadurecimentos em meio ao caos da juventude

O filme é uma mistura de celebração da arte e explosão de sentimentos vivenciados na juventude. Sendo assim, o telespectador pode acabar tendo a sensação de caos e confusão sobre o que está acontecendo no longa em certos momentos. Afinal, esses jovens estão tentando encontrar seu lugar no mundo. O ritmo acelerado da história ajuda o telespectador a embarcar no caos da vida dos personagens.

O roteiro tenta abordar vários temas importantes como amor, depressão, vício, aborto e luto. Vários assuntos que encaixam perfeitamente na época em que o longa se passa, mas que também não deixam de ser atuais. No entanto, a história acaba se perdendo em meio a todos esses temas.

Na busca pelo amadurecimento, há um excesso de informações e personagens que acabam gritando por um espaço na história. Talvez isso encaixe na proposta de mostrar o desespero desses jovens que estão atrás de algum tipo de aprovação, apesar da narrativa tentar sabotá-los.

Louis Garrel como o diretor de teatro Patrice Chéreau em "Jovens Amantes"
Créditos: Divulgação

Vale a pena assistir “Jovens Amantes”?

O filme entrega energia e emoção, porém, falta clareza de um foco central para a história. O roteiro foca no romance nada saudável de Stella e Etienne, mas não quer abrir mãos das outras histórias que acabam ficando à deriva. Não é uma produção ruim, mas também não é perfeita. Ela tem potencial, mas falta precisão.

A diretora trabalha bem as passagens de tempo que ocorrem durante a trama, em certos momentos sendo até mesmo de modo mais sutil. A forma como a câmera se move – sem estabilidade – ajuda o telespectador a ter uma percepção da inquietação dos personagens. Isso enriquece a experiência.

Um ponto que talvez seja interessante citar é a forma como o longa retrata um esteriótipo do que eram os jovens naquela década e como é a vida de uma pessoa amante da arte. Além disso, o roteiro parece ficar perdido com tanta informação inserida do meio para o final, mas talvez isso transmita perfeitamente os sentimentos incertos da juventude.

Por fim, “Jovens Amantes” estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feita, 03 de julho, com distribuição da Pandora Filmes.