O gênero terror tem sofrido muito nos últimos tempos, principalmente pelo excesso de ideias que não funcionam. Em Men – Faces do Medo, dirigido por Alex Garland, a ideia inicial de usar o subjetivo como foco acaba não funcionando bem.

Na sequência de uma tragédia pessoal, Harper retira-se sozinha para uma zona rural inglesa, esperando ter encontrado um lugar onde possa recuperar. Mas alguém ou algo dos bosques circundantes parece persegui-la. O que começa como um pavor latente torna-se um pesadelo formado, habitado pelas suas memórias e medos.

O longa estrelado por Jessie Buckley (“A Filha Perdida”) ao lado de Rory Kinnear (“Black Mirror”), fala sobre a relação entre os traumas reais e os traumas inconscientes. A escolha do diretor em filmar a maior parte do filme em ambientes fechados dá essa dimensão do assunto. Dessa forma ele consegue mostrar ao expectador como a mente de Harper está presa em seus próprios medos.

Direção bagunçada … mas uma bagunça que funciona

Alex Garland é um diretor de meia idade com passagens em filmes interessantes, como A Praia, com Leonardo DiCaprio, e como roteirista em Dredd. Também escreveu Ex_Machina, filme de suspense. Mas nesse filme ele resolve ir por um caminho no mínimo inusitado. Ora, ele utiliza muitos recursos para tentar enganar a mente de quem está assistindo, porém, isso não é suficiente para esconder vários problemas ao longo de toda a trama.

Com uma mensagem muito clara e objetiva contra o machismo estrutural, ele busca ilustrar toda a toxicidade nas relações entre mulheres e homens abusivos com exageros. Desde uma máscara colorida em meio a um cemitério cinza, até o sangue jorrando nas paredes nas cenas finais. Até os orifícios humanos são explorados ao exagero em pouco menos de 1 hora e meia de filme. Ainda em tempo, é um filme muito nojento, que fique claro. Mas é importante pontuar que determinados detalhes você só será capaz de entender após digerir as ideias grotescas.

men faces do medo
Paris Filmes

Um dos pontos mais altos na construção desse filme fica por conta da fotografia, belíssima! A escolha de filmar no campo e na mata funciona bem para contrastar. E também serve como metáfora, já que Harper busca se isolar no campo para fugir das atrocidades da cidade e das memórias negativas.

Por fim, preciso deixar mais claro ainda que não é um filme com grandes reviravoltas, apesar de toda a excentricidade. Não espere coerência no ato final. O longa será lançado nos cinemas nacionais no dia 8 de setembro, pela Paris Filmes.