Sob a direção do cineasta inglês Paul W. S. Anderson, que já esteve envolvido anteriormente na produção de filmografias pautadas pela adaptação de games ao cinema, como os títulos Resident Evil e Mortal Kombat, o novo longa metragem distribuído pela Sony é inspirado na série de jogos de mesmo nome, lançado pela Capcom e que integra o universo dos videogames desde o ano de 2004.
Estrelado pela ucraniana Milla Jovovich, o público é apresentado a Natalie Artemis – uma tenente em missão que, após ser atingida por um raio junto da tripulação que a acompanha, é transportada para um mundo paralelo ao nosso onde enfrentará batalhas com monstros – os habitantes do lugar desconhecido, respectivamente.
O desenvolvimento dos gráficos é um aspecto a ser observado logo nos primeiros minutos. Embora apresente ares de artificialidade durante certos cortes de cena, ele oferece uma boa experiência visual a quem está assistindo, ainda que não dispense o recurso da tela verde. A trilha sonora, composta pelo austríaco Paul Haslinger (que também colaborou nas composições de Resident Evil), repete a qualidade.
No entanto, o roteiro deixa a desejar mais de uma vez, fazendo com que seja o ponto mais frágil da produção. Nas cenas que perpassam os minutos seguintes a Artemis ser atingida pelo raio e ser levada ao mundo paralelo, o espectador se depara com tomadaslongas e que apresentam dificuldades para despertar a curiosidade de quem está assistindo.
Diante do novo cenário, que se altera completamente, os personagens agem tranquilamente, como se nada lhes houvesse acontecido, e vastos minutos são ocupados pela exploração do local – o que poderia ter levado menos tempo, e consequentemente, abrindo espaço para trazer mais acontecimentos à trama.
Outro ponto considerável é o mau escalonamento entre as cenas de ação e as que exploram o elemento do humor – sem apresentar uma transição devidamente adequada. O que se vê são batalhas que mal acabam e são tomadas por falas cômicas que, apesar de soltarem risos, apelam até mesmo para uma temática mais infantilizada, a exemplo de um diálogo em que um dos comandados indaga “e se os monstros forem dinossauros?”. Para quebrar o clima pesado trazido pela violência, piadas e momentos engraçados parecem ter sido postos a qualquer custo. O clímax de Monster Hunter, aliás, fica por conta justamente das batalhas travadas com os monstros, que não dispensam a qualidade visual e boa articulação entre uma luta e outra.
A respeito dos personagens, o público não tem tempo hábil para se apegar aos tripulantes que acompanham Artemis, visto que eles morrem logo ao início do filme e, portanto, não deixam uma grande participação. Logo, os norteadores da história são a tenente e o Caçador (Tony Jaa). Eles, que chegam a protagonizar mais de uma luta em lados opostos, se aproximam, auxiliando um ao outro no mundo paralelo – com o mesmo objetivo de voltar para casa.
A própria pluralidade entre ambos pode ser considerada um aspecto forte bem como a escolha do elenco, que traz a presença não apenas de atores e atrizes europeus e estadunidenses, mas também latinos (como a brasileira Nanda Costa) e de origem asiática. A representatividade feminina construída pela personagem Natalie Artemis é igualmente um dos pontos célebres da filmografia.
No quesito atuação, não há nenhuma digna de vencedora do Oscar. Contudo, elas servem bem a proposta do filme – o potencial dos atores poderia ter sido melhor explorado em um roteiro mais elaborado. Tony Jaa, que deu vida ao Caçador, é o que melhor se sobressai.
O final pode ser a parte que mais decepciona. Aberto para uma continuação, ele pode deixar uma parcela dos espectadores decepcionados por não haver, de fato, um encerramento para essa primeira parte da história. Dessa maneira, ele é inconclusivo, com uma pitada de spoiler nas cenas pós-crédito. Aos que apreciarem a produção, talvez haja a alegria em saber que mais coisa vem por aí.