Estreia essa semana o thriller “Não Se Preocupe, Querida”, de Olivia Wilde e que trás consigo problemas de bastidores, elenco de estrelas e muita expectativa do público.
Desde o princípio, paira sobre todos os momentos e todas as cenas, um mistério impetuoso sobre qual de fato é a história. “Alice (Florence Pugh) e Jack (Harry Styles), um casal que tem a sorte de viver na comunidade planejada de Victory, cidade experimental que abriga os trabalhadores do ultrassecreto Projeto Victory e suas famílias na década de 1950. A vida é perfeita, com as necessidades de todos os residentes atendidas pela empresa, que apenas lhes pede em troca a discrição e o compromisso incondicional com o projeto.
Mas quando rachaduras nessa vida quase perfeita começam a aparecer, expondo flashes de algo muito mais sinistro à espreita, sob uma fachada sedutora, Alice não pode deixar de questionar o que exatamente é feito no Projeto Victory e por quê. “
A história principal é intrigante, instigante, e por fim, decepcionante por habitar um lugar comum demais e entregar quase nada. Claro, preciso ser justo em dizer que durante a maior parte do longa eu me senti instigado a entender o que estava acontecendo. O ar de suspense desde o começo é crescente, onde pequenos pedaços da resolução são entregues e pequenas sutilezas podem ser notadas. Como por exemplo a evolução de carreira dos homens, as mobílias da casa, que mudam ou evoluem de repente, ou até mesmo a tecnologia dos objetos da casa.
Florecen Pugh rouba toda a cena pra si
Os cartazes do filme deixam bem claro, Harry Styles e Florence Pugh são os protagonistas, Jack e Alice. Um casal aparentemente feliz, vivendo a plenitude da juventude nos anos 50, em suas casas perfeitas, com seus penteados perfeitos, seus carros perfeitos, e por fim, o emprego perfeito de Jack. Todos esses detalhes fazem parte de uma trama muito maior e mais complexa, onde cada detalhe, cada mínimo detalhe, faz total diferença no resultado. Styles entrega um personagem bem sobreo, e com isso quero dizer que ele é nada além do que se espera. Mas Florence vai muito além, e ouso dizer que o filme é comandado por ela.
Na verdade, as mulheres do filme têm um papel muito importante na trama, é sobre elas. Enquanto os homens saem todos os dias para trabalhar, elas vivem uma vida dividida entre os afazeres da casa e os luxos. O filme deixa muito claro que isso é uma crítica ao machismo social em que se fazem crer que mulheres foram feitas para cuidar da casa e das crianças. Essa bolha é furada justamente pela fúria e curiosidade de Alice. Em determinado ponto da história conhecemos quem de fato ela é, e nesse ponto fica muito mais claro essa crítica social.
Chris Pine, por outro lado, tem um papel muito mais modesto do que se imagina, e isso é meio surpreendente. Apesar do seu personagem ser o principal elemento da trama. Afinal de contas, Frank é o líder dessa cidade modelo, e é o chefe de todos os homens que trabalham para o Projeto Victory. Mas é entendível, Frank representa um ponto fora da curva na história. Ele é o controlador, é o “Master of puppets” de todos na cidade. O que talvez surpreenda, e eu acredito que foi meio sem noção, foi o seu final. Sinceramente, não entendi o proposito, já que é um filme que não aparenta ter sido feita para se ter uma sequência.
Uma história intrigante, porém, previsível
A história pode ser lida como uma grande metáfora, e isso fica muito evidente no terceiro ato. A vida roteirizada dos moradores do Projeto Victory, as cores bem definidas de casas, carros, roupas, até mesmo os nomes dos moradores, tudo é uma grande metáfora.
Por fim, posso dizer que a grande sacada dessa história é justamente a solidão. A fortaleza criada por cada pessoa em torno do que acredita ser a felicidade. Vários elementos vão mostrando isso, a distância entre os moveis da casa, a parede apertada, os sorrisos forçados. Até mesmo a maneira de conversar (sempre em meio tom), e a forma de evitar os conflitos. É uma construção narrativa que já desenha o último ato e o que de verdade acontece ali. Porém, preciso dizer, não há grande ineditismo no plot final. Digo isso por que apesar de ser um grande final, ele bebe da fonte de outros finais semelhantes.