Sob direção de Belisario Franca (Soldados do Araguaia), o documentário nacional Nazinha, Olhai por Nós perpassa a histórias de detentos que cumprem pena nas penitenciária feminina de Ananindeua e na Colônia Penal Santa Isabel, ambas localizadas no Pará. Nesse contexto, também é abordada a relação entre os presos e a festa anual mais importante do estado, dedicada à Nossa Senhora de Nazaré. Produzido pela Giro Filmes, com co-produção da Globo Filmes, documentário chega ao Now no próximo dia 6.
Ao decorrer do longa, o público é apresentado aos relatos de quatro brasileiros que estão sob cumprimento de pena: Neuza, Julio, Everaldo e Raissa. Eles, por meio de depoimentos, traçam suas perspectivas a respeito da vida dentro da prisão, e a relação que têm com Santa Nazinha, como é popularmente chamada. A partir da figura da Santa, o elemento da fé é encarado como sinônimo de esperança pela liberdade. Como é posto em dada cena do documentário, outubro é, para os paraenses, o verdadeiro Natal. Afinal, nele acontece o Círio de Nazaré, a maior festa religiosa do Brasil e que, apesar do significado e proporções, ainda é um evento desconhecido em regiões alheias ao Norte do país.
A produção do documentário é conferida de maneira simples, com depoimentos de funcionários dos presídios, e de familiares dos que cumprem pena. Neste cenário, a simplicidade atua como fator favorável à captação de sensibilidade das cenas, bem como auxilia na humanização dos indivíduos que são retratados, de fato, como pessoas, com a possibilidade de expressarem os seus pontos de vista.
Nazinha, Olhai por Nós gera reflexões quanto à estrutura presente nos presídios brasileiros, e a real eficácia conferida por trás da estrutura penitenciária vigente. Nas palavras da própria diretora do presídio de Ananindeua, “é fácil jogar pedra sem conhecer o sistema”. Um exemplo disso é o caso de Neuza, uma das detentas entrevistadas. Suspeita por ter assassinado o seu amante, não há evidências concretas que comprovem a sua participação no crime tampouco uma investigação policial instaurada e que trabalhe em sua elucidação. Neuza foi detida por ter sido a última pessoa a falar com a vítima do homicídio. No documentário, entre cantorias dedicadas à Santa Nazinha, ela aguarda pelo julgamento, ressaltando a versão de que é inocente.