A saúde mental é um assunto que pode ser pautado dentro de diferentes aspectos, até mesmo dentro de um filme do gênero de terror/suspense. Dirigido por Jacob Johnston, o filme “O Apanhador de Sonhos” tem um estilo que é conhecido como underground (tido como algo da cultura diferenciada, que foge dos padrões da sociedade) e com uma proposta de despertar o assunto sobre depressão, ansiedade e distúrbios da mente. A combinação entre suspense e terror com um assunto como saúde mental traz uma reflexão para além dos assassinatos que ocorrem durante o longa-metragem.
Apesar do nome ser o mesmo de um livro do escritor Stephen King, que inclusive tem um outro filme com o mesmo título baseado na obra que foi lançado em 2003, este longa-metragem atual e em questão, não tem ligação com a obra do autor.
Há muitos elementos como mensagens no celular, a imagem que se deseja passar no ambiente virtual e também o estilo de vida dos jovens a partir do ano 2019/2020, como o estilo musical que o filme utiliza como base da narrativa, que é underground/eletrônico.
O assassinato e sangue no início do filme, já nos revela o que se pode esperar do desenrolar do longa.
Sinopse: Dylan, conhecido por seus fãs como DJ Dreamcatcher, está à beira do estrelato global. Tudo muda na noite do Cataclysm, um festival de música underground, onde duas irmãs distantes e seus amigos encontram Dylan. Depois de um evento horrível movido a drogas, as coisas começam a se transformar em um turbilhão de violência e caos de 48 horas.
Com bebidas e drogas, dando uma ideia mais psicodélica, pois a fotografia do filme é planejada com jogos de luzes de um conceito mais indie, exatamente com essa proposta de psicodelia, o filme traz a realidade de jovens com problemas pessoais e um existencialismo velado. As coisas ficam agitadas entre o grupo de amigos e uma tragédia irá acontecer durante a noite que era para ser apenas de curtição. A partir daí, as 48 horas seguintes são acompanhadas de acontecimentos estranhos e há algo que precisa ser vingado. A mente de cada um dos jovens envolvidos no fato assustador na noite em questão é colocada à prova e momentos de fraqueza e questionamentos internos sobem à cabeça. A depressão e a ansiedade entre o que cada um já passou são elementos chaves para o desenvolvimento da trama. O fato de como a exposição na internet e como a fama pode abalar os princípios de alguém são latentes para quem tem um olhar mais aguçado, mesmo que os elementos sejam leves e sutis, é perceptível.
É necessário estar bem atento aos detalhes do filme, pois algumas partes podem parecer soltas e não fazerem sentido caso não dê atenção aos devidos detalhes, ainda mais que a proposta é de imagens mais escuras, pelo jogo de luzes que é feito para dar a sensação de suspense e sustos.
O fato de terem apanhadores de sonhos, mas não ficar tão clara a referência é um ponto que faltou um pouco mais de aprofundamento e dar ainda mais sentido ao contexto histórico que o objeto tem. Isso deixaria a narrativa ainda mais envolvente, numa perspectiva mais interessante. Por outro lado, “Apanhar sonhos” tem uma relação grande com a vida de jovens que buscam melhorar os objetivos de vida e querem se encontrar em algum espaço no mundo.
O final é surpreendente em dose dupla e por uma fração de segundos nos faz questionar qual teoria mostrada pelo filme antes da finalização parece ser de fato real e possível. Vale lembrar que conta com elementos de ficção científica, portanto mesmo com problemas reais, há elementos sobrenaturais.