“O Clube do Crime das Quintas-Feiras” aborda temas sociais importantes em meio a trama policial

“O Clube do Crime das Quintas-Feiras” estreou na Netflix dia 28 de agosto e já está em 1º lugar no TOP 10 dos filmes mais vistos do streaming. A produção é uma adaptação do livro homônimo do autor britânico, Richard Osman que conta a história de quatro aposentados que resolvem casos de homicídio antigos por diversão. Mas seu hobby toma um rumo inesperado quando eles se deparam com um verdadeiro assassinato para desvendar. 

Com direção de Chris Columbus (Harry Potter e a Pedra Filosofal) e roteiro de Katy Brand, Suzanne Heathcote e Richard Osman. O filme conta com elenco da elite do Reino Unido, como a Dama Helen Mirren, Sir. Ben Kingsley, Pierce Brosnan e Celia Imrie.

Trama emociona e faz rir a mesma medida

Helen Mirren, Ben Kingsley, Pierce Brosnan e Celia Imrie.
Cena do filme “O Clube do crime das Quintas-Feiras” Crédito: IMDB

O longa consegue entreter na medida certa, cria um ótimo suspense em dois casos que, ao decorrer da trama, vão se desvendando, mas não de maneira óbvia. Na verdade, o caminho óbvio é abordado, mas logo uma nova informação muda as perspectivas, gerando uma nova reviravolta.

Cada personagem apresentado do início ao fim, com suas personalidades e funções na trama, suas histórias apesar de não muito desenvolvidas, têm um passado e um presente efetivo. 

Algo que chama atenção é que cada personalidade consegue mostrar que não existe uma regra a ser seguida quando diz respeito à velhice. Sem romantização, vemos personagens com experiências de vida diferentes que os levaram até o mesmo local, a casa de repouso, Coopers Chase.

Claro com um recorte, uma classe social alta, já que os padrões de vida dos personagens dentro da casa mostram um conforto. Cada um possui um pequeno apartamento que os deixa ter uma privacidade maior do que na maioria dos lares de idosos. 

Vida na terceira idade 

Helen Mirren em cena no filme "O Clube de crimes das Quintas-feiras"
Helen Mirren em cena no filme “O Clube de crimes das Quintas-feiras” Crédito: IMDb

Dessa forma, a abordagem sobre a vida na terceira idade em O Clube de Crime das Quintas-feiras é muito interessante. Senhores e senhoras que vivem sua aposentadoria em uma casa de repouso fazem parte de um clube. Não um clube de xadrez, crochê, sim um clube onde se desvendam assassinatos arquivados.

Os personagens possuem habilidades específicas que juntas contribuem para solucionar esses crimes. Além disso, eles possuem suas histórias de vida, a ex-espiã Elizabeth vive com o marido que tem Alzheimer, e ela vive o medo de perder o companheiro completamente para a doença. Ron, um ex-sindicalista solteirão que passou por quatro divórcios e que recebe a visita do filho, Jason, ex-boxeador e sub-celebridade. Ibrahim, um ex-psiquiatra, não tem família ou filhos e nunca se casou. E, Joyce, uma enfermeira aposentada que ficou viúva recentemente e decide ir morar no local, contra a vontade da filha. 

Todos têm histórias antes e depois do clube, as reuniões ajudam os quatro a manter a mente ativa e também ajudam a se divertir nesse momento da vida. 

A trama pode ser considerada uma carta de amor à terceira idade, uma mostra de que envelhecer não é o fim, e nem precisa ser limitante. 

Misoginia na Polícia 

Celia  Imrie, Naomi Ackie e Ben Kingsley
Celia Imrie, Naomi Ackie e Ben Kingsley em cena / Crédito: Divulgação/ IMDb

O assassinato que o grupo tente desvendar mostra a violência contra a mulher e, como em profissões em sua maioria masculinizadas, a mulher não possui voz. 

Uma crítica global, mas também para a polícia britânica. No caso investigado pelos amigos, uma única policial fazia parte da equipe, Penny, a ex-detetive também residente da casa de repouso e foi a idealizadora do clube. 

Em meados dos anos 70, quando o caso aconteceu, o principal suspeito foi o noivo da vítima, mas ele foi logo liberado, embora Penny acreditasse que ele era o culpado. Sem um culpado, o caso acabou arquivado e o clube de crimes pretendia solucioná-lo.

Já nos dias atuais, enquanto investigavam o crime do passado, um assassinato ocorre e eles se veem envolvidos e determinados a desvendar. Com isso buscam a ajuda da policial Donna De Freitas, que apesar de muito conhecimento e experiência, foi colocada para ser oficial de trânsito. 

Em algumas cenas, vemos De Freitas tentar falar algo a respeito do caso e sempre a colocam para fora da ‘sala dos rapazes’. Entretanto, os quatro amigos aposentados acabam exigindo que a policial seja colocada no caso. 

E inúmeras vezes o detetive que estava com ela tentava tomar as rédeas da investigação e também das entrevistas com os suspeitos. Porém, com as informações privilegiadas vindas dos moradores de Coopers Chase, ela conseguiu ajudar a solucionar o caso e mostrar que era capaz de muito mais que dar multas de trânsito.

Exploração de trabalho humano

Helen Mirren e Henry Lloyd-Hughes em cena de "O Clube de crimes das Quintas-Ferias"
Helen Mirren e Henry Lloyd-Hughes em cena de “O Clube de crimes das Quintas-Ferias” Crédito: IMDb

Uma das subtramas, que na realidade acaba por ser um dos motivos de um dos crimes, é o tráfico e a exploração de trabalho humano. Entre os sócios da casa de repouso Coopers Chase, havia muita coisa envolvida, o que incluía a máfia, traficantes e inúmeros negócios ilegais.

Entre esses negócios estava o tráfico de pessoas para exploração de trabalho, onde eles eram atraídos para a chance de uma vida melhor. No entanto, quando chegavam ao país, tinham seus passaportes recolhidos, o que impedia de poder sair do país quando bem-quisessem. Ficando reféns de seus “empregadores”.

Essa temática infelizmente faz parte dos problemas mundiais, onde, em diversos países, pessoas são atraídas por trabalhos que parecem um sonho e acabam por se tornar um pesadelo.

Por isso, o “Clube de Crime das Quintas-feiras” não é apenas um filme de comédia policial, já que eles conseguem abordar temas relevantes que prendem a atenção do início ao fim.

Vale a pena assistir, “Clube de Crime das Quintas-feiras” ?

Sim, sem sombra de dúvidas o filme da Netflix vale cada minuto do seu tempo. E pela maneira como foi construído, não se vê o tempo passar. Ele é aquele tipo de filme para toda a família, uma prova disso é ele ter parado em primeiro lugar no Top 10 de mais assistidos desde a sua estreia.

Então, reúna a vovó, o papai e o netinho para assistirem juntos essa adaptação que arranca risos e lágrimas na mesma intensidade.

Imagem de Capa: Divulgação / IMDB