Após a morte de sua esposa, o ex militar Eddie decide se mudar para uma bairro mais simples onde ele possa tomar fôlego e tentar estabilizar sua vida financeira, muito abalada pelos gastos com o tratamento médico da falecida esposa. No novo bairro ele conhece Hope, uma menina que vive uma verdadeira guerra dentro de casa e por quem Eddie acaba nutrindo um sentimento partenal. Juntos decidem cultivar um jardim em um terreno baldio com o intuito de aproximar a comunidade e melhorar relações religiosas entre os moradores.

Apesar da premissa dramática o filme peca, e muito, por seu elenco que não convence ninguém. Salvo por Kyriana Kratter (a Hope), que inclusive já conta com passagem pela Disney em seu currículo, a atriz mirim dá um show no resto do elenco com falas e atitudes cativantes seja em momentos leves e cômicos ou em cenas com carga dramática nas quais seus problemas familiares são expostos.

Um dos grandes problemas da estrutura do filme fica por conta do desenvolvimento dos personagens. Eddie nas primeiras cenas demonstra ser um viúvo mau humorado que prefere paz e solidão, porém sem explicação alguma e sem nenhum fato coerente, ele muda sua postura e começa a demonstrar preocupação e uma necessidade de se aproximar de seus vizinhos. Essa foi uma mudança muito brusca e sem explicação, mas que é sólida no restante do filme.

Apesar de ser um filme de 2021, “O Jardim da Fé” possui uma estética que nos faz acreditar se tratar de um filme de pelo menos 20 anos. O figurino, a cenografia e a falta de tecnologia apresentada na obra contribuem para isso.

Fonte: Shine the Light Creative Productions / A2 Filmes

Como se já não bastasse a fragilidade técnica do filme há ainda problemas religiosos em seu roteiro. Por se tratar de um filme direcionado a um público cristão, espera-se que o comportamento dos personagens não extrapole o limite daquilo que seu público alvo espera, e não é o que encontramos. Há cenas em que o protagonista arremessa uma bíblia, pisa no livro e chegamos ao cúmulo dela ser colocada em um microondas ligado. Com isso vemos que nem o público alvo do filme foi atendido.

Resumindo:

Se você procura um filme religioso, e não se preocupa com a produção, pode até ser que “O Jardim da Fé” seja um entretenimento, mas não vá com muita sede ao pote, pois há certo teor de “gosto duvidoso” em seu conteúdo.