Na onda dos novos filmes sobre exorcismos, temos O Ritual. A produção, baseada em um caso real, o caso de exorcismo de Anna Ecklund, que também inspirou o clássico “O Exorcista” de 1973, traz Al Pacino como um padre experiente em um filme mais dramático.
A direção de “O Ritual” é de David Midell. Já o roteiro é de Midell e Enrico Natale. Estrelam a produção Al Pacino e Dan Stevens, Ashley Greene e Abigail Cowen.
A história de O Ritual
Em 1928, na pacata Earling, Iowa, o padre Joseph Steiger (Dan Stevens) revela aos fiéis que ainda carrega o luto pela recente morte de seu irmão. Essa confissão, mais tarde, será cruelmente usada contra ele por uma entidade demoníaca que parece saber exatamente onde cutucar. É uma dor pessoal que não só humaniza o personagem, como serve de prenúncio para o conflito espiritual que está prestes a emergir.
Durante um momento quase mundano, quando Joseph pega um biscoito das mãos da Irmã Rose (Ashley Greene) com certo charme despretensioso. O filme já começa a sugerir que a fé do jovem padre pode não ser tão inabalável quanto aparenta. Essa leve tensão interna rapidamente se transforma em algo muito maior quando Bispo Edwards (Patrick Fabian) o informa que sua igreja será palco de um exorcismo, e não de um qualquer. A jovem Emma Schmidt (Abigail Cowen), após tentar todos os tratamentos médicos disponíveis, agora precisa de intervenção espiritual urgente.
É então que entra em cena o imponente Padre Theophilus Riesinger (Al Pacino), vestindo uma túnica grossa e falando com um sotaque alemão carregado, que Pacino transforma quase num personagem à parte. Convencido de que Emma está sob domínio de uma força demoníaca, ele se reúne com Joseph e a rigorosa Madre Superiora (Patricia Heaton) para deixar claro: estão prestes a travar uma guerra e precisarão permanecer unidos diante das forças antigas e impiedosas do mal.
A partir daí o filme se desenvolve entre dramas pessoais e a continuação do ritual de exorcismo.

Roteiro e direção
David Midell é direto em seu roteiro. O exorcismo começa logo, anunciado como um ritual que se estenderá por diversas noites. A primeira delas transcorre de forma quase ritualística e metódica, com Riesinger lendo passagens da Bíblia em latim, duas freiras fazendo intervenções precisas, e Joseph anotando tudo em silêncio. A sessão termina com uma aspersão de água benta que causa uma reação violenta em Emma, mergulhando-a em inconsciência, e os espectadores, numa tensão crescente.
Midell opta por uma estética crua em O Ritual, o que piora muito a produção. Ao utilizar uma câmera na mão com movimentos trêmulos e zooms abruptos, numa tentativa clara de criar urgência e proximidade com os personagens, só consegue enjoar o expectador. Assim, essa abordagem resulta mais em uma sensação de desorientação visual do que em autenticidade narrativa. A instabilidade, distante de trazer uma imersão, acaba se tornando um obstáculo e dilui o impacto emocional de cenas que deveriam ser intensamente perturbadoras.
Além disso, o roteiro falha em diversos momentos. Era necessário desenvolver mais os personagens principais. Riesinger possui um histórico sombrio e problemático, o que poderia trazer maior envolvimento ao filme. Riesinger em diversos momentos vê um homem com capuz falando com ele, mas em momento algum é explicado o porquê dele aparecer. A mensagem é jogada no filme e fim.

Elenco e fotografia
Al Pacino, um ícone do cinema, com atuações maravilhosas em O Poderoso Chefão e em Advogado do Diabo, tenta dar o seu melhor em um personagem completamente esquecível. É muito triste ver um ator renomado fazendo um papel tão medíocre. Talvez seja pelo fato de sua falência, ele tenha aceitado o papel, o que não deixa de ser deprimente.
Os outros atores também se esforçam, mas não trazem nada de mais para a produção. Mesmo com um elenco bom, se o filme tiver um roteiro fraco e uma direção ruim, nada consegue salvar a produção.
Visualmente, o filme se mantém preso a uma paleta de cores escuras e opacas, que reforça o clima sombrio, mas sem oferecer composições marcantes ou momentos inesquecíveis. A ausência de movimentos de câmera mais elaborados ou imagens verdadeiramente expressivas torna a experiência visual morna. A narrativa ao invés de tentar compensar acaba sendo apática, sem ter nenhuma ousadia ou reinvenção.

Vale a pena assistir O Ritual?
Sendo bem sincero, O Ritual não é bom. Certamente existem diversos outros filmes sobre exorcismos que entregam uma história bem mais interessante e envolvente. O que senti ao ver o filme, foi uma tentativa frustrada de tentar fazer algo mais próximo do real, como se fosse um documentário. Entretanto, falhou muito.
É totalmente frustrante saber que o filme foi baseado em uma história que também inspirou o famoso “O Exorcista”. Diferente da obra do terror de 1973, O Ritual entrará rapidamente para o esquecimento.
Por fim, O Ritual está em cartaz nos cinemas.
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