O verde em meio a selva de pedra, é assim que o documentário Oroboro, do diretor Pablo Lobato, se apresenta. Desde os primeiros segundos é possível ver esse contraste que também pode ser notado na forma como educação e arte caminham de mãos dadas na formação humana.
Oroboro mostra duas turmas de adolescentes vivenciando a arte, descobertas enquanto aprendem na escola de uma maneira lúdica uma maneira de serem humanos. Exatamente entre o verde da mata e a estrutura da cidade em que um colégio em Minas Gerais educa seus alunos oferecendo uma experiência imersiva.
Durante todo o tempo, os alunos estão em contato com a natureza fora da sala de aula, com acesso à mata, a terra e sua beleza, em forma de pássaros. Dessa forma, utilizam esses elementos também para construção dos personagens, figurino e maquiagens.

Mozart, Guimarães Rosa e Minas Gerais
O documentário de Pablo Lobato tem uma beleza singela, unindo o florescer da adolescência e a transformação por meio da arte. Em uma escola mineira embasada com ensino envolvendo teatro, o contato com a natureza e a conexão entre seus jovens alunos. Acompanhamos em meio a aulas, tarefas diárias e o desenvolvimento de uma peça teatral, como forma de preparar esses jovens para a vida. Além de mostrar o poder transformador da arte, vemos os jovens se transformando de adolescentes tímidos em personagens marcantes da cultura.
Lobato através de sua lente cinematográfica consegue absorver a essência da marca que a arte pode deixar em uma pessoa, principalmente em jovens na fase do amadurecimento. Assim, em Oroboro é apresentado ao público duas turmas, do colégio Rudolf Steiner, a turma do 8º ano e a turma do 12º. Respectivamente representando, A Flauta Mágica de Wolfgang Amadeus Mozart, e O Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa.

Durante o filme assistimos os jovens entre aulas de matemática, biologia, desenvolver o próprio figurino, coreografia, ainda possuem espaço para falar sobre seus pensamentos, sentimentos e interagir entre si. Em cada cena, fica cada vez mais palpável o amadurecimento dos alunos em cenas. Assim, conforme ganham mais confiança própria e entre si.
Entre ensaios e apresentações, em trechos mostrados em closeup as expressões dos alunos modificam, ficando mais alegres ao decorrer dos dias. Lobato capturou um momento em que a turma do 12º ano se deparada com uma chuva que os deixam tristes, pois com a terra molhada não permite que a utilizem no cenário em uma das apresentações. Em meio ao desabafo, um dos alunos cita uma frase de Guimarães Rosa:
Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.
Por fim, nas últimas cenas vemos uma apresentação, após a chuva, e um ritual de encerramento onde em um papel escrevem o significado da experiência, da arte, dos professores e dos amigos, da vida.
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