Em “Pecadores” Ryan Coogler, dirige Michael B. Jordan com dois papéis em um terror de época divertido, crítico e diabólico
Geralmente filmes de terror não se preocupam muito em explicar contextos históricos, ou se explicam, ele não interfere muito na trama. “Pecadores” (Sinners) foge dos clichês dos filmes de terror e traz uma nova perspectiva para o expectador. É um filme histórico, com uma trama bem interessante e que em determinado momento acontece algo que aterroriza e transforma a produção em uma batalha sangrenta pela vida.
“Pecadores” traz de volta às telas o astro Michael B. Jordan interpretando irmãos gêmeos. A direção, roteiro e produção é de Ryan Coogler. Além de Jordan, o filme possui um elenco de peso. Dentre os atores estão Hailee Steinfeld (série “Gavião Arqueiro”), Jack O’Connell (“Ferrari”), Wunmi Mosaku (série “Loki”), Jayme Lawson (“A Mulher Rei”), Omar Benson Miller (série “True Lies”) e Delroy Lindo (“Destacamento Blood”).
A história de “Pecadores”
O filme acontece em Mississippi, 1932. A primeira cena é com Sammie (Miles Caton) entrando na igreja de seu pai, durante o dia, segurando o braço da guitarra quebrado e o rosto cheio de cicatrizes. Esse início já desperta a curiosidade do espectador e o prende até o final para saber o que ocasionou aquela cena. Durante essa cena, temos flashbacks rápidos, sugerindo o que ocorreu no dia anterior.
Após isso, temos um corte voltando ao dia anterior com o pai de Sammie, Jedidiah (Saul Williams), repreendendo-o por tocar blues em uma boate de má reputação. De forma profética, Jedidiah avisa a Sammie “Continue dançando com o Diabo, um dia ele vai te seguir até em casa”.

Logo em seguida temos a introdução dos personagens gêmeos Fumaça e Fuligem (Michael B. Jordan). Eles chegam à cidade, de volta de uma vida de gangsteres em Chicago, onde pareceram ter enganado muitas pessoas por lá. Já dá para perceber que os dois estão sempre envolvidos em confusões. Algo que nos primeiros minutos de filme já se comprova.
O plano de Fumaça e Fuligem é abrir seu próprio bar num celeiro velho e decadente comprado de um sujeito branco totalmente racista e desprezível. No entanto, eles não perdem tempo e andam pela cidade, para reunir os funcionários para administrar o bar.
Um filme de ação, terror, crítica social, comédia e muita música
Ryan Coogler consegue trazer ao filme ação, terror, crítica social e comédia sem que a produção seja chata, cansativa ou repleta de clichês. Coogler ambienta um filme de terror numa época onde os afro-americanos nos Estados Unidos sofriam discriminação e segregação racial em quase todos os aspectos da vida social. É um terror acontecendo dentro de outro terror, no qual os negros já passavam por um, com peso histórico e real.
Certamente, a música é algo essencial na produção. Dessa forma, tudo gira em torno do blues e de como o poder da música negra é importante para a sociedade. Independente das gerações, tanto as do passado quanto as do futuro, ela é uma forma de manifestação cultural que busca educar, empoderar, e promover mudanças sociais. Fortalecendo assim a luta contra o racismo, sendo um ato de resistência e de promoção da igualdade.

Os maiores vilões do filme não são os vampiros, mas sim os racistas, representados no filme por membros e seguidores do Ku Klux Klan. Essa organização de extrema-direita, é repleta de ideais supremacistas e terroristas, considerando como agiam, ao promover atentados contra negros e contra brancos que defendiam os direitos dos negros. Já os vampiros não se preocupam com raça ou cor, eles querem se alimentar e seguir suas vidas. Lógico que como os humanos, alguns vampiros possuem ambições maiores, que é o caso que desencadeia todo o festival de sangue no filme.
Em relação ao elenco, destaca-se Michael B. Jordan pela sua interpretação dos gêmeos. Personagens complexos e distintos, com ideais e julgamentos por vezes divergentes. Além disso, temos o iniciante Miles Caton que entregou uma ótima atuação. Destaque também para Hailee Steinfeld e Wunmi Mosaku que entregam mulheres fortes, apaixonadas e com uma profundidade na trama.
Vale a pena assistir “Pecadores”?
“Pecadores” é muito mais do que um filme de terror. A produção busca trazer toda uma temática importante e necessária para a sociedade. O ataque dos vampiros é somente um fato dentro de algo maior. É lógico que o filme está longe de ser perfeito, considerando tudo o contexto e os fatos que acontecem dentro das 2 horas e 19 minutos de filme.
Arrisco dizer que o filme pode ser dividido em 3 partes: contexto histórico, banho de sangue e vingança. O que pode ser difícil de entendimento na hora de assistir. Entretanto, a produção é daquelas que ficam na sua cabeça, trazendo questionamentos e interpretações profundas com o tempo.

Dentro de todo esse contexto, Coogler consegue ainda encaixar comédia, paixão e cenas de ação dignas de filmes de guerra, fazendo com que “Pecadores” deixe sua marca dentro dos filmes de terror.
“Pecadores” possui uma cena pós-crédito muito interessante para a trama e certamente deve ser visto nos cinemas.
Por fim, aproveite que o filme está em cartaz nos cinemas, e boa diversão!
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