Fomos convidados a assistir o novo documentário Pele, de Marcos Pimentel. Produzido pela Embaúba Filmes, em 75min, o longa apresenta sob um olhar diferente a respeito das cidades inchadas e a vida urbana. Uma proposta ousada e diferente em trabalhar o encontro de tantas culturas que se chocam ao longo do dia a dia das cidades grandes.
Vale lembrar que Pele já teve sua exibição em São Petersburgo e na Rússia, onde recebeu o Grande Prêmio da Crítica no Festival Message to Man. Além disso, o longa já foi exibido também na França, Canadá, Itália, China, Nova Zelândia, Indonésia, Áustria, Alemanha e Colômbia. Agora, enfim, Pele chega ao Brasil.
O longa se passa nas grandes capitais brasileiras de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e em São Paulo, no ano de 2019. Segue a sinopse:
Documentário sobre a interação entre os habitantes das cidades e o que está expresso em seus muros e paredes. Grafites, pichações, símbolos indecifráveis, palavras de ordem, pensamentos políticos, hieróglifos, declarações de amor… Fragmentos de memória e gritos silenciosos que revelam os desejos, medos, fantasias e devaneios de quem habita os centros urbanos. As letras e desenhos interagindo com os diferentes corpos que transitam pelo espaço público. As narrativas urgentes das ruas que expressam as subjetividades dos mais variados discursos visuais que “vestem” as cidades brasileiras.
Com enfoque na arte urbana que se encontram nas grandes cidades, o longa ousa ao apresentar um documentário bem inovador. Mas será que ele acerta? Afinal, Pele é bom?
Sobre a Pele da cidade
O filme deixa bem claro sua premissa logo em seus primeiros minutos. Isso é, sem entrevistas e nem narrador, o documentário ousa em uma proposta única de apresentar a vida urbana sob a perspectiva da própria cidade grande. Contudo, o que a principio pode soar como estranheza, logo deixa de ser estranho e a proposta do documentário começa a ganhar vida. Ou melhor, o público começa a enxergar sob da pele da cidade.
Um dos pontos interessantes do longa é a forma como ele traz essa arte urbana em suas mais diversas camadas e, ao mesmo tempo, a forma como elas se casam com a trilha sonora e assim narram o filme. E nesta narrativa, fica claro o quão a cidade tem tanto a dizer e tão pouca gente para, de fato, escutá-la.
Através de escritas e desenhos, as diversas mensagens contam a respeito das diferentes culturas e mundos que se chocam no cotidiano das pessoas. Assim, é sob a pele da cidade que o filme traz marcos históricos, sociais e culturais do povo brasileiro.
Aliás, é através destas paredes que o longa cria a sua narrativa. Ou melhor, conversa com seu telespectador, ao apresentar uma corrente de ideias que desenvolve sua proposta e promove encontros culturais da arte urbana.
Pele dá espaço para cidade falar
Um outro ponto de grande destaque se refere a trilha sonora: a trilha compõe-se de músicas em si, as quais conversam com suas devidas cenas. Porém, o grande destaque mesmo está na forma como os registros de áudio foram tão bem trabalhados. Isso é, eles englobam, complementam e recriam a atmosfera de grandes marcos da história atual do Brasil.
Dessa forma, fica nítido o cuidado na construções das cenas. Pele dá espaço para que as ruas da cidade falem e mostrem a sua realidade. Aqui, audiovisual é próprio contador de histórias, além de apresentar críticas sociais e situações tão presentes no dia a dia, mas tão esquecidas, ou pior: ignoradas.
Afinal, vale a pena?
Com 75min e sem narrador ou qualquer entrevista, o documentário Pele consegue trazer uma uma experiência única ao seu público. Fica nítido todo o cuidado que se teve nas construções de suas cenas e suas sequências, e na maneira como o áudio foi inserido com precisão durante a pós-produção.
É através do audiovisual que a narrativa se constrói e se solidifica. A proposta que, a priori, pode soar com estranheza, logo toma forma e começa a ser devidamente compreendida. Aliás, dentre as diversas mensagens de Pele, uma que se destaca é a reflexão sobre a vida urbana e como o cenário tem tanto a dizer. Posso dizer, que o documentário me fez refletir e comecei a olhar mais para o mundo ao meu redor e todas as mensagens que habita em seu cenário.
Portanto, Pele é um documentário que não só vale a pena ser assistido, como também se faz necessário para uma devida reflexão sobre nosso cotidiano e o contexto em que vivemos. Para então, se resgatar uma perspectiva da vida cotidiana já tão esquecida, mas que tem tanto a se dizer.
Por fim, o filme Pele de Marcos Pimentel estreia em 26 de outubro nos cinemas. Confira abaixo o trailer do documentário: