Ultimamente temos muitas produções nacionais de terror e isso é muito bom! Produções como “Abraço de Mãe” e “Recife Sombrio” são provas disso. E sobre as novas produções, temos “Prédio Vazio”, filme de terror brasileiro do cineasta capixaba Rodrigo Aragão.
A produção ocorre na drástica mudança entre a agitação do Carnaval e os prédios vazios após o fim da alta temporada. Segundo Aragão, responsável por “Mangue Negro”, “Mar Negro”, dentre outros, este é seu primeiro filme ambientado em uma cidade, saindo dos cenários rurais e naturais que marcaram suas produções anteriores.
Rodrigo Aragão assina a direção e roteiro. Estrelam o elenco Gilda Nomacce, Rejane Arruda, Lorena Corrêa, Caio Macedo, Telma Lopes, Walter Filho e Leonardo Magalhães.
Além da direção e roteiro, Aragão assina também os efeitos especiais do longa. A trilha sonora original é de Fepaschoal, a fotografia de Alexandre Barcelos e a direção de arte de Priscilla Huapaya. A produção executiva ficou a cargo de Mayra Alarcón, que também divide a produção com o próprio Aragão.
História genérica e casal principal sem química
Durante o último dia de Carnaval em Guarapari (Espírito Santo), Luna (Lorena Corrêa) percebe algo estranho em relação à sua mãe (Rejane Arruda). Algo indica que ela está em perigo. E de fato, aconteceram diversas coisas com sua mãe. De violência doméstica a ver uma senhora pulando do prédio, ela está rodeada de uma energia bastante ruim no prédio onde está ficando.
Assim, Guarapari, famosa por suas belas praias, deixa de ser um destino turístico e se torna um cenário assombrado pela busca implacável de Luna.
Imediatamente, preocupada, Luna viaja até lá para tentar descobrir o que aconteceu e seu namorado Fábio (Caio Macedo) a acopanha. Ao chegar à Praia do Morro, eles notam que muitos prédios de temporada já estão vazios, dando um ar de abandono à cidade pós-folia. O problema já começa nessa parte. O casal é muito diferente, Luna é toda dark, com visual mais rebelde, cheia de piercings enquanto Fábio é tranquilo, usa roupas coloridas e bem leves. São totalmente opostos e às vezes bem caricatos. Repletos de decisões ruins que desafiam a inteligência do espectador. Confesso que estava torcendo para os dois serem apenas masi duas vítimas do hotel e que posteriormente fosse apresentado outro protagonista.

A busca os leva até um antigo edifício beira‑mar, aparentemente vazio. De forma bem “burra” eles entram no local e logo percebem que não estão sozinhos: o prédio está repleto de almas atormentadas, presenças ocultas.
Dentro do prédio, eles conhecem a sombria zeladora Dora (Gilda Nomacce). Dora, inicialmente traz uma atmosfera de proteção e de ameaça. Parecendo estar em um delírio que mistura ódio e mistério: “esse prédio aqui não é de quem pagou os apartamentos, é das almas”.
Crítica social, questões maternas e muito sangue
No íncio do filme já vemos uma certa crítica social. Uma grande parte de apartamentos e casas são para aluguel. Não ficam ocupadas em todo o momento. São locais para turistas e ficam “abandonadas”.
Inicialmente, o filme passa uma idéia de algo mais voltado para um terror feminista, entretanto, a narrativa muda drasticamente e foca mais em questões maternas. É muito mais sobre os traumas da protagonista, do que realmente o que ocorreu com sua mãe.
Aragão, um dos principais nomes do terror brasileiro é famoso por seus filmes autorais recheados de efeitos práticos, gore artesanal e folclore nacional. Ele coloca em “Prédio Vazio” seu horror oitentista, crítica social e brasilidade profunda, tudo com um toque de humor sombrio e sangue muito sangue. Além disso, ele tentou utilizar a tensão dos filmes de terror japoneses para trazer uma atmosfera diferente ao seu terror.

Esse foi um grande acerto de Aragão, o maior ponto positivo da produção, é essa atmosfera e a forma como representa as almas perturbadas que habitam o Edifício Magdalena. Podemos perceber também algumas referências de “O Iluminado”, como o sangue escorrendo no elevador, a ambientação vermelha e os espíritos sedentos igual temos no Hotel Overlook.
A produção ganha força a partir da metade, onde existe uma exploração maior do sobrenatural. A caracterização dos fantasmas em sua maior parte é bem feita, embora alguns estivessem bizarramente fora da linha de caracterização.
Em relação ao elenco, destaque para Gilda Nomacce que interpreta a Dora. Ela consegue entregar uma excelente vilã através de pequenos detalhes. Olhares, movimentos, respiração. Ela consegue trazer uma Dora totalmente perturbada, complexada e perigosa. Já sobre os efeitos práticos, alguns não agradaram muito, ainda mais no que se refere à representação do hotel.
Vale a pena assistir Prédio Vazio?
Prédio Vazio é um filme de terror mediano, que possui uma conclusão interessante aborda de forma surpreendente a questão sobrenatural dos espíritos. É impossível não perceber influências de filmes como “A Morte do Demônio” e “O Iluminado”, o que acaba trazendo um pouco mais de emoção para a produção.
Por fim, com lançamento para o dia 12/06, Prédio Vazio é um bom filme para ver junto de seu amor e valorizar o cinema nacional.
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