Trilha Sonora para um Golpe de Estado nos conecta com jazz, colonialismo e os bastidores da Guerra Fria. Indicado ao Oscar 2025 de Melhor Documentário de Longa Metragem, o filme chegará aos cinemas no próximo dia 30 de janeiro. O documentário, dirigido pelo cineasta belga Johan Grimonprez, será lançado no Brasil pela Pandora Filmes.
Assim, o longa nos coloca em um dos assuntos mais comentados durante o século XX, a Guerra Fria. E nos insere no momento em que os músicos Abbey Lincoln e Max Roach, que invadiram o Conselho de Segurança da ONU em 1961, denunciam o assassinato do líder congolês Patrice Lumumba.
Desse modo, o documentário tenta conectar a trajetória de Patrice Lumumba com a expansão cultural promovida pelos Estados Unidos. Além disso, a Trilha Sonora para um Golpe de Estado mostra como a música é uma peça fundamental na estratégia política, e uma tentativa de dominância global.
Trilha Sonora para um Golpe de Estado
O documentário traz discussões muito pertinentes ainda no ano de 2025, e carrega isso com muito jaz e descolonização, reescrevendo um episódio marcante da Guerra Fria. Além disso, conta a história de um político, Patrice Lumumba, na busca pela independência da República Democrática do Congo.
Mesmo sendo uma crítica certeira em relação a como os Estados Unidos utilizava ONU e CIA para atingir seus próprios interesses. O documentário erra em como contar, a ideia de utilizar imagens de arquivos e comentários de pessoas politizadas da época é um jeito de mostrar a história. Entretanto, isso deixou o longa massivo e sem um direcionamento de como caminhar com essa narrativa.
Com personagens relevantes da época, o assunto fica repetitivo e com uma crítica meio branda. Sendo assim, parece que só mostra os culpados sem colocar uma ideia de punição para eles, uma ideia de apontar a causa, mas sem consequência dos atos.
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Desse modo, a trama de descolonização é só um jeito de dizer que é diferente na crítica, mas acaba sendo igual a outras. Sendo assim, o processo de descolonização e a emancipação dos territórios só parece uma ideia boa. Contudo, é mal aproveitada, visto que não temos uma ampla visão dos reais atingidos.
A ideia de colocar imagens e comentários de arquivos deixa mais difícil. E faz quem assiste se perder em outros devaneios para saber se conhece quem está falando ao invés de ouvir o problema real.
Jazz e a música como parte essencial
Nesse sentido, um ponto ótimo do filme é a utilização do jazz e a forma de usar a música para contar a história. Não somente foi uma tática aplicada pela CIA durante seus golpes nos países, mas uma ótima ideia do diretor para falar do assunto. Assim, a trilha sonora é um fator importante para o documentário, e conversa com o que aconteceu nos países africanos que buscavam suas independências.
O jazz conversa muito com as comunidades negras e é uma manifestação artístico-musical com tradições religiosas, principalmente de afro-americanos. E levar para o documentário é saber aproveitar dessas questões, assim deixando o público mais atento para descobrir como usaram o jazz para enganar a população.
A música acompanha a história do mundo há muito tempo, e não poderia ficar de fora nessas questões. Dessa forma, Trilha Sonora para um Golpe de Estado é uma maneira de criticar e de deixar todos atentos em como as músicas estão sendo colocados para o público.
Vale a pena assistir?
Mesmo com as críticas que tenho da forma que foi feito o documentário, ainda assim, é um bom modo de pensar cinema. E principalmente, é uma maneira de observar como a política está dentro de todos os lugares. A utilização dos arquivos não foi a melhor maneira para se contar a história, mas o jazz deixa tudo melhor e faz a gente ter um carinho.
Trilha Sonora para um Golpe de Estado é uma forma de aprender sobre descolonização e a utilização das massas em tramas políticas. Entretanto, o filme não teve um desempenho que me fizesse sentir a crítica que ele quis passar, mas ainda assim é um jeito de ver como a Guerra Fria foi impactante.
E todos precisam ter um olhar crítico para tudo, mesmo quando seu ídolo da música chega ao seu país da maneira mais inocente possível.
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