Para todo ato, há uma consequência, seja esta uma reação imediata ou a longo prazo. Assim, as ações de uma vida refletem em reações e causam as consequências que moverão o filme Último Alvo, novo longa estrelado com Liam Neeson. Prometendo muita ação, o longa se destaca mesmo pelo seu drama em uma narrativa singular ao retratar uma as consequencias de um estilo de vida violento. Entretanto, com 1h52min, o longa conquista pelo emoção, mas peca na ação.

Com direção de Hans Petter Moland, Último Alvo (Absolution, no original) arrisca na história. No longa, um velho gângster (Liam Neeson) de Boston descobre que os seus anos conturbados numa vida baseada na violência causaram nele Encefalopatia Traumática Crônica (ETC) – uma doença que compromete sua memória e sua independência. Assim, diante a tal diagnóstico, ele tenta se reconectar com sua família e corrigir os erros do passado. Porém, seu estilo de vida criminoso logo ameaça destruir tudo o que ele mais preza.

Prometendo e se vendendo como um filme de ação ao famoso estilo Liam Neeson, o Último Alvo aposta em uma narrativa regada a drama. Entretanto, será que acerta? Afinal, o filme é bom?

Sobre a história: Entre o drama e a ação

Com 112min de duração, o Último Alvo aposta em uma narrativa com um desenvolvimento interessante e linear, com um começo e um meio envolvente, mas um clímax perdido, por assim dizer. Dessa forma, é uma narrativa que acerta em sua maioria, mas não soube a hora de acabar, nem onde acabar.

Em outras palavras, o longa se estica para tentar inserir ação e violência em uma trama mais dramática. Com isso, o que seria um drama de alta qualidade, acaba tornando-se uma história longa e arrastada, com núcleos que não se conversam tão bem. Ao mesmo tempo, o clímax se perde e se confunde, não sabendo mais se ele deve seguir em direção ao drama ou ficar com um tom de adrenalina. O resultado disso não é tão satisfatório, deixando a história com furos e muita superficialidade.

Último Alvo, novo filme de ação e drama com Liam Neeson
Imagem: Divulgação

Portanto, o longa peca com sua promessa de entregar um longa de ação – são poucas cenas onde a adrenalina toma conta de fato, e as cenas são curtas e pouco envolventes. No entanto, o Último Alvo consegue surpreender com uma premissa narrativa mais envolvente e dramática, mesmo nos momentos em que possa parecer mais densa ou arrastada.

Assim, é importante deixar claro que o tom dramático é um acerto do roteiro, com uma história repleta de camadas e profundidades, questionamentos e dilemas. Liam Neeson se destaca por conseguir entregar um desempenho que abraça temáticas mais emotivas, ao mesmo tempo, discute os reflexos e consequências de uma vida embasada na violência. Há uma densidade, mas é uma que pesa na consciência e abre espaço para uma reflexão sobre a vida e a velhice.

Vale a pena assistir Último Alvo? Afinal, o filme é bom?

liam neeson ultimo alvo
Imagem: Divulgação

Entre acertos e erros, Último Alvo é aquele tipo de filme que erra na mira, mas consegue acertar outro alvo. Dessa forma, para os fãs daquela adrenalina que só o estilo de Liam Neeson consegue entregar, o filme pode decepcionar. Agora, para quem está indo com a mente aberta, pode se surpreender com um drama emotivo e com várias camadas.

No entanto, como já dito, é entre os acertos e erros. E um dos maiores erros daqui foi da direção não saber como envolver tantos temas com cenas de tensão e adrenalina, deixando a ação em um segundo plano, esquecida num canto e que não faz diferença para a narrativa em si.

Aliás, faz: ela quebra com o clímax e os acertos emotivos do filme. A emoção e a profundidade são baleadas em vão, em um clímax morno, desorientado e que não se encontra com a história.

Portanto, se vale a pena você arriscar e assistir Último Alvo, vai depender do que você está procurando. Se for ação, então não. Mas se for emoção, pode ser interessante, mas se prepara, pois poderá também se frustrar. O Último Alvo estreia nesta quinta-feira (27) nos cinemas.