Até que ponto você conseguiria engolir tudo que sente ou pensa, diante de ambientes tóxicos e/ou de um sistema que impõe padrões sociais? “Uma Mulher sem Filtro” é uma comédia que usa o humor ácido para fugir de clichês e abordar sobre empoderamento, crítica social e referências contemporâneas.
A história acompanha uma mulher cansada das pressões diárias, perde o “filtro” e passa a dizer o que pensa. Dirigido por Arthur Fontes e roteirizado por Tati Bernadi, o filme traz Fabiula Nascimento, Camila Queiroz, Samuel de Assis e Emílio Dantas no elenco principal.
Uma mulher que decide falar tudo o que pensa
Baseado no sucesso chileno “Sin Filtro”, a trama gira em torno de Bia (Fabiula Nascimento), uma publicitária que engole sapo ao precisar lidar com chefe machista, um marido folgado, uma amiga egocêntrica e uma vizinha festeira. Sua vida começa a mudar quando conhece Paloma (Camila Queiroz), uma influencer jovem que passa a ter mais prestígio que ela no trabalho.
Apesar da rivalidade, a criadora de conteúdo alerta que a publicitária precisa se valorizar mais e a indica a procurar a Deusa Xana (Polly Marinho). Após uma sessão com a Deusa mística, Bia perde todos os filtros e começa a falar exatamente o que pensa, sem medir as consequências.
O protagonismo de Fabiula Nascimento
A direção acerta ao trazer Fabiula como protagonista. Bia mostra com naturalidade o seu lado divertida e emocional, relevando-se vulnerável e identificável com outras mulheres que passam pela mesma situação. A atriz consegue transmitir a exaustão e a frustração de alguém que vive sob pressões sociais e julgamentos alheios com autenticidade.
Nesse sentido, o filme nos envolve em sua jornada de libertação, seja em momentos de colapso emocional, com humor; até finalmente dizer o que está sentido. Além disso, o grande trunfo de Fabiula é a presença e seu timing cômico, que logo consegue nos conectar com a personagem e sustentar o roteiro.
O riso que abre espaço para reflexão
Mesmo se tratando de uma comédia, “Uma Mulher sem FIltro” foge de clichês e traz temas delicados, como machismo, etarismo, relações tóxicas e a cultura de influencer perfeita e a superficialidade nas redes sociais. Os problemas abordados no filme, traz um humor ácido e funciona como escape de problemas reais.
Paloma (Camila Queiroz) é uma influencer que contrasta com Bia e deixa evidente a pressão estética e a cultura das redes sociais. Entretanto, a barreira de rivalidade feminina é quebrada quando a relação das duas evolui. No início, Bia e Paloma se alfinetam, mas logo vão construindo uma parceria, deixando que o atrito que elas tinham antes se dava pelo sistema machista de colocar as duas como rivais.
Entre risos, críticas e tropeços
A direção acerta ao dar espaço para uma protagonista feminina madura. Ela não precisa ser perfeita ou amarga, para ser inspiradora. Também se destaca ao trazer momentos hilários com a aparição da “Deusa Xana” (Polly Marinho). Porém, a crítica social e as soluções para os problemas parecem simplistas ou mágicas.
Bia segue um arco narrativo previsível e sem muito desenvolvimento, o que pode diminuir o impacto da cena. Por outro lado, as expressões de personagens também podem soar exageradas em alguns momentos, como se fossem caricaturas. Isso gera um incômodo, principalmente diante de uma situação reflexiva.
Vale a pena assistir
Mesmo com seus tropeços, “Uma Mulher sem Filtro” cumpre o que promete: Uma comédia com humor ácido, acessível e com crítica social. A história traz momentos inusitados e um elenco talentoso. Ainda mais, aborda temas relevantes e se destaca por trazer uma protagonista carismática, divertida, autêntica, imperfeita e inspiradora.
Por fim, “Uma Mulher sem Filtro” estreia em 21 de agosto nos cinemas brasileiros.
Imagem de Capa – Crédito: Conspiração/Divulgação
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