Uma Vida Honesta (Ett ärligt liv ou An honest Life) é um thirller dramático e político envolvente, baseado no romance de Joakim Zander. Dirigido por Mikael Marcimain, o filme trata sobre dilemas morais, desilusão com o sistema educacional, radicalização política, traições e juventude em busca de um propósito.

A busca por justiça e o convite para um mundo sem regras

Uma Vida Honesta
Imagem: Reprodução

Ambientado na Suécia, Simon (Simon Lööf) é um jovem estudante de direito, cheio de sonhos e de ambições sociais. Ele entra na prestigiada Universidade de Lund para estudar Direito, porém acaba se decepcionando com a realidade acadêmica e social. Durante uma manifestação, ele conhece Max (Nora Rios), uma linda e carismárca ativista com ideias radicais. A ativista consegue manipulá-lo emocionalmente, o estudante para entrar no universo anarquista.

Logo ele se vê envolvido em movimentos de rebeldia, sabotagens, protestos e violência. Conforme ele se aproxima da jovem, ele acaba integrando no grupo anarquista, conhecido como Bandits. Assim, Simon passa a questionar sobre seus valores, ambições e sua própria identidade. 

Apesar de querer viver uma vida honesta, Simon acaba entrando numa teia de mentiras e traições. Assim, o jovem acaba colocando tudo a perder, incluindo a sua sanidade mental.

Quando a calma se prepara para o colapso

Uma Vida Honesta
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Mikael Marcimain constrói uma narrativa inquietante, onde podemos acompanhar, de forma intensa, a transformação de jovem cheio de sonhos até sua queda emocional e mental. Inicialmente, a relação de Simon e Max parece um romance universitário, mas rapidamente se torna um jogo de sedução e manipulação.

A direção opta por uma estética fria e minimalista, que valoriza o silêncio e os espaços vazios entre os diálogos. A fotografia contribui para nos proporcionar uma sensação de opressão. Desta forma, Simon Loof entrega uma performance sutil e densa. Ele consegue expressar com autenticidade um personagem que se vê dividido entre seguir um caminho ético e de bom moço; até se vê devastado diante de suas próprias escolhas.  

Sobre a trilha sonora, a música erudita transmite calma que vão contra os momentos de tensão. Acompanhado por uma composição sonora sofisticada, podemos presenciar Simon fazendo escolhas questionáveis, e a trilha permanece contida e agradável. Entretanto, ela causa desconforto ao espectador por criar um efeito de ironia com os conflitos que o protagonista se encontra na cena. Também acentua a frieza emocional e consegue comunicar o que o personagem principal não consegue dizer. 

Narrativa e Ritmo com falhas 

Uma Vida Honesta
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Uma Vida Honesta apresenta um ritmo arrastado, o que pode desagradar aqueles que gostam de Thrillers mais dinâmicos,com muita ação ou cenas mais angustiantes. Outro ponto negativo é que a narrativa se torna cansativa por se manter em constante tensão, sem proporcionar momentos leves ou alívios cômicos.

Os personagens secundários, principalmente o grupo anarquista, são pouco desenvolvidos. O filme não explica a motivação de cada membro ter escolhido trilhar pelo caminho rebelde, deixando de enriquecer a trama. Ainda mais, o encerramento traz uma sensação de final aberto, deixando algumas lacunas na história. 

Vale a pena assistir?

O suspense de Mikael trata sobre temas relevantes, como moralidade, juventude, identidade, e ambição. A produção traz reflexões complexas, que desafiam a mente e provocam reflexões, sejam sociais e políticas. O filme não contém ação frenética, sem violência gráfica pesada. Mas explora a complexidade das escolhas humanas, ideologias conflitantes e as consequências emocionais de viver em um mundo cheio de incertezas.

Os personagens complexos e a atmosfera proporcionada pela estética fria e trilha sonora clássica, criam uma narrativa envolvente, porém desconfortável. Porém pode frustrar aqueles que buscam respostas claras e finais fechadas. 

Por fim, Uma Vida Honesta encontra-se disponível na Netflix.