Nesta quinta-feira (28), chegou ao fim a primeira temporada do anime Delusional Monthly Magazine. A animação é dos gêneros fantasia e comédia, e foca na equipe de uma revista sobre fenômenos paranormais. Dessa forma, o anime acaba por criar um cenário bastante peculiar, no qual se misturam jornalismo, arqueologia e magia. No entanto, será que a produção fez um bom trabalho com essa história original? Vem que a gente te conta!
A promessa de mistério em Delusional Monthly Magazine: investigando um continente perdido
Desde já, vale relembrar a premissa de Delusional Monthly Magazine:
Em Most City, o editor Taro Suzuki, o assistente Jiro Tanaka, que tem apenas 10 anos de idade, e o cachorro Saburo cuidam de uma pequena editora. A empresa é responsável pela revista mensal Ilusão Científica, que publica artigos sobre bizarros fenômenos paranormais. Certo dia, um cientista chamado Goro Sato visita o departamento editorial da revista, e logo todos ali acabam se envolvendo em um incidente que nem a ciência pode explicar!
A história começou bem nos episódios iniciais, com uma imersão de universo fluida e boa apresentação de personagens. Logo, a introdução se deu de forma compreensiva e leve, um ponto positivo para um enredo que propõe misturar temáticas divergentes e um tanto contraditórias entre si; afinal, sempre houve um embate entre magia e ciência, paranormal e acontecimentos reais.
No entanto, primordialmente, a narrativa em si já se mostra como desinteressante logo após o fôlego introdutório dos dois primeiros episódios. Com o desenrolar da temporada, quebra-se a expectativa de receber um conteúdo surpreendente ou no mínimo curioso sobre o Continente Mo. No desenrolar dos acontecimentos, alguns personagens descobrem uma ligação com o povo motariano, e logo todos vão sabendo cada vez mais sobre o continente perdido.
Contudo, o universo em si não é bem criado, uma vez que tudo é meio vazio de conteúdo e focado mais em um humor sem graça. É fato que o anime é do gênero comédia, mas o erro foi utilizar de um humor que não leva a lugar nenhum, e que parece vazio de propósito e sentido. Assim, há a perda de um assunto de enorme potencial, tendo em vista que não há muitas produções voltadas ao tema.
Temáticas e relacionamentos
Quanto ao dia a dia de um editorial, o anime mostra bons vislumbres da realidade: os personagens discutem pautas e vão à campo, enquanto a editora-chefe foca em não desagradar os patrocinadores para manter a revista. Um personagem que se mostra um profissional apaixonado pelo trabalho é Goro, que insiste na investigação de casos mesmo quando a equipe não embarca junto.
A animação tem também um quê de bizarrice, aspecto que casou bem com a comédia proposta. Por exemplo, nas cenas em que Taro pressente artefatos paranormais, é natural rir com suas reações exageradas e alarmantes, e em muitos momentos isso funciona como alívio cômico.
No que se trata dos relacionamentos, há um clima de proximidade que vai se desenvolvendo aos poucos, conforme os personagens vão resolvendo mais casos juntos. Dentre viagens, fantasmas e piqueniques improvisados, cria-se uma união entre eles, à medida em que precisam confiar cada vez mais uns nos outros. Todavia, a relação mais interessante e bem construída não está entre os protagonistas, e surge só mais para o final da trama.
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Delusional Monthly Magazine: afinal, o anime consegue inovar?
À primeira vista, este era um anime que tinha tudo para dar certo: a temática pouco explorada de um continente perdido, o dia a dia na redação de uma revista e a ambientação cozy de uma cafeteria (o que traz um pouco a vibe do slice of life). Ainda que com tantas temáticas diferentes se misturando, parecia fazer sentido, uma vez que os editores da revista, Jiro e Taro, podiam de fato investigar junto a Goro, um cientista arqueológico, sobre o Continente Mo, e comprovar ou não sua existência.
Porém, não somente nas falas como também nos acontecimentos das cenas, os momentos cômicos que trazem o riso genuíno e bem fudamentado são raros. Enquanto isso, são muitas as situações que passam uma sensação de vergonha alheia, ou que então parecem direcionadas ao público infantil, o que mesmo assim não seria motivo para deixar os diálogos tão vazios e pobremente formulados.
Tal qual mencionado anteriormente, a construção do universo fica sem estrutura, e com isso o episódio final traz um plot previsível e sem inovação. Na cena final, há uma breve indicação de continuação para a história, então possa ser que os mistérios levantados sejam melhor respondidos em uma possível sequência. Entretanto, o problema em si não é a espera, mas sim o nível de profundidade de tais questões, que são apresentadas de forma rasa.
No fim, restam as relações entre os personagens para prender o público, que apesar de boas não são cativantes ou emocionantes, no fim das contas. Assim, a finalização do anime não se sobressai em nenhum ponto, e acaba por replicar um modelo de narrativa já saturado em produções de fantasia.