Clássico relata a desigualdade social no Brasil
“Vidas Secas” (1938) é uma das obras mais aclamadas do escritor Graciliano Ramos (1892-1953). Lembrado por seu estilo realista, psicológico e que refletia a desigualdade social e a condição humana.
Autor de outros livros aclamados e críticos como “São Bernardo” (1934), “Angústia” (1936) e “Memórias do Cárcere” (1953), Graciliano Ramos deixou um legado de abertura para debates sobre os problemas sociais do Brasil dentro da prosa e da ficção.
Sua crítica, sobretudo sobre a seca, a pobreza e a marginalização, ajuda a entender as particularidades do Brasil, sobretudo do nordeste. Graciliano Ramos continua sendo uma inspiração para os grandes escritores atuais, uma vez que os problemas sociais continuam se transformando e criando novas reflexões.
Mas o que torna “Vidas Secas” uma obra atemporal e tão marcante? Por que os personagens continuam vivos no imaginário dos leitores? Confira uma análise que procura desvendar a maestria do clássico de Graciliano Ramos.
O Brasil desigual: passado ou presente?

Ao narrar a história da família, Graciliano Ramos faz um relato contundente sobre como a seca e a fome impactam diretamente no cotidiano da família. Uma família simples, com força de vontade, em busca de trabalho e de uma vida digna, lida com opressão e falta de empatia, não apenas das pessoas, mas do Estado.
“Vidas Secas” não romantiza ou idealiza a pobreza como algo positivo ou que torne os personagens superiores. Mas sim, mostra as dificuldades, os sofrimentos, causando indignação pela situação que os personagens são obrigados a enfrentar. Os leitores criam empatia pelos milhares de brasileiros que vivem a mesma situação e conhecem sua própria história.
Fabiano, Sinhá Vitória, os meninos e Baleia
“Vidas Secas”, de Graciliano Ramo, apresenta personagens marcados por um minimalismo profundo, que se reflete em suas ações, falas e até mesmo em suas emoções. O autor faz com que as emoções de cada personagem sejam compreendidas de forma particular. Fabiano, Sinhá Vitória, os meninos e a cachorra Baleia têm cada um suas próprias histórias e sua própria forma de sobrevivência.
Fabiano carrega o peso de ser o patriarca. Homem de poucas palavras e grande sofrimento. Sua força física é sua principal ferramenta de sobrevivência, mas a falta de esperança o desanima diariamente.
Sinhá Vitória resignada à sua condição, mas que carrega em si a esperança de uma vida melhor, simbolizada pelo desejo de ter uma cama de verdade ou um sapato de salto alto. Em seu silêncio, ela sustenta a família, simbolizando a força da mulher que carrega a família.
O menino mais velho e o menino mais novo. Os filhos do casal, duas crianças que apesar de estarem apenas iniciando suas vidas, parecem fadados a ter a vida de seus pais, que os preparam para a vida difícil que os aguarda. A fragilidade e a falta de identidade em um mundo que eles não compreendem.
A cachorra Baleia talvez seja a personagem mais viva no imaginário do público. Baleia é fundamental por representar a lealdade e como ela compartilha o sofrimento da família. A morte de baleia é um dos momentos mais dolorosos da obra, mostrando o laço profundo que Baleia tinha com cada membro da família.
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Adaptação de Nelson Pereira dos Santos
A adaptação de “Vidas Secas” para o cinema, dirigida por Nelson Pereira dos Santos em 1963, é amplamente reconhecida como um marco do Cinema Novo brasileiro.
O filme é uma adaptação fiel e poderosa da obra literária de Graciliano Ramos, e uma excelente forma de conhecer o livro. Além disso, o cenário realista e a interpretação dos atores, em especial de Átila Iório que interpreta Fabiano, conferem uma emoção especial.
Confira um trecho de Vidas Secas de Nelson Pereira dos Santos que está disponível no YouTube.
“Vidas Secas” está disponível na Amazon.
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Crédito: Editora Record