Personagens e histórias negras no cinema e na TV têm provocado reflexões sociais e ampliado o espaço para artistas que antes eram invisibilizados
A presença de pessoas negras no cinema e na televisão passou por transformações profundas ao longo das últimas décadas. Se antes personagens negros eram invisibilizados, reduzidos a estereótipos ou confinados a papéis secundários sem complexidade, hoje observamos um avanço contínuo rumo a representações mais diversas, potentes e protagonizadas, além do Dia da Consciência Negra.
Esse movimento não apenas reflete uma sociedade em mudança, como também contribui ativamente para ela. Ao abrir espaço para artistas, roteiristas e cineastas negros, historicamente mantidos à margem da indústria, o audiovisual se torna um agente fundamental na construção de novas narrativas e novas formas de existir na tela.
Durante muito tempo, antes do fortalecimento das pautas de diversidade no setor, personagens negros apareciam em contextos muito restritos, frequentemente presos a estereótipos negativos ou narrativas de dor e tragédia. Atualmente, porém, há um aumento significativo tanto na quantidade quanto na qualidade dessas representações, sinalizando um cenário mais inclusivo e plural.
Dia da Consciência Negra
No contexto do Dia da Consciência Negra, essa discussão ganha ainda mais relevância. A data, celebrada em 20 de novembro, foi instituída no calendário escolar brasileiro pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que também tornou obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas.
Mais recentemente, em 21 de dezembro de 2023, a data foi transformada em feriado nacional pela Lei nº 14.759/23. O Dia da Consciência Negra reforça a importância de reconhecer a contribuição da população negra para a cultura brasileira, inclusive no audiovisual, e de fortalecer espaços onde essas histórias sejam exploradas com autenticidade, complexidade e protagonismo.
Por isso, reunimos algumas dicas de produções que trazem diferentes perspectivas sobre a experiência negra e ajudam a ampliar o horizonte da representatividade na tela.
Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)
Com atuações intensas e uma narrativa dividida em três fases da vida de Chiron (interpretado por Alex R. Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes), Moonlight retrata com sensibilidade a descoberta da identidade e da sexualidade de um jovem negro que cresce em Miami. O longa independente conquistou o Oscar de Melhor Filme em 2017, além de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante para Mahershala Ali.
Onde assistir: Prime Video
Estrelas Além do Tempo (2017)
A história acompanha Katherine Johnson (Taraji P. Henson), uma matemática prodígio da NASA nos anos 1960; Dorothy Vaughan (Octavia Spencer), supervisora que nunca teve reconhecimento formal; e Mary Jackson (Janelle Monáe), aspirante a engenheira. Trabalhando no setor segregado conhecido como “computadoras de cor”, elas se tornam fundamentais para cálculos de órbita, para a engenharia aeronáutica e para avanços tecnológicos — contribuindo diretamente para missão histórica como o voo de John Glenn. O filme é baseado em fatos reais. Nos EUA, estreou em sessões limitadas em dezembro de 2016, e no Brasil chegou em fevereiro de 2017.
Onde assistir: Disney+
Corra! (2017)
Chris e sua namorada Rose visitam os pais dela, e o que começa como um fim de semana aparentemente inocente se torna uma revelação perturbadora. À medida que o tempo passa, Chris descobre segredos que ele jamais imaginou. O filme estreou no Brasil em 18 de maio de 2017.
Onde assistir: Netflix e Prime Video
Pantera Negra
Neste marco cultural global, T’Challa (Chadwick Boseman), líder do reino fictício de Wakanda, assume o manto do Pantera Negra para proteger seu povo. O filme da Marvel, lançado em 2018, teve grande impacto cultural e arrecadou mais de US$ 1 bilhão, além de conquistar prêmios importantes.
Onde assistir: Disney+
Infiltrado na Klan (2018)
Relata a história de Ron Stallworth (John David Washington), um policial negro do Colorado que se infiltra na Ku Klux Klan local. Após meses de investigação, ele se aproxima do líder da seita, expondo crimes de ódio planejados pela organização.
Onde assistir: Netflix
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A Vida e a História de Madam C.J. Walker (2020)
A Minissérie da Netflix que conta a trajetória de Madam C.J. Walker (Octavia Spencer), uma mulher negra que supera adversidades para se tornar uma empreendedora de sucesso e a primeira mulher milionária nos EUA por seu próprio esforço.
Onde assistir: Netflix
Pequenos Incêndios por Toda Parte (2020)
Uma minissérie que retrata o encontro de duas famílias muito diferentes. Elena Richardson (Reese Witherspoon), a mulher perfeita, aluga sua casa de hóspedes para Mia Warren (Kerry Washington) e sua filha, que carregam segredos e um passado que ameaça abalar a comunidade.
Onde assistir: Prime Video
Medida Provisória (2020)
Num futuro distópico, o governo brasileiro decreta uma lei que obriga cidadãos negros a retornarem à África. Três amigos, cada um à sua maneira, resistem a essa medida autoritária. O filme teve sua estreia internacional em festivais em 2020.
Onde assistir: Globoplay
I May Destroy You (2020)
Comédia dramática criada por Michaela Coel, que também é protagonista: Arabella, uma jovem escritora que sofre um grave episódio de abuso alcoólico e perde parte da memória. A série estreou em 7 de junho de 2020 na HBO (EUA) e em 8 de junho de 2020 na BBC One (Reino Unido).
Onde assistir: HBO Max
How to Get Away With Murder (2014–2020)
Annalise Keating (Viola Davis) é advogada e professora de Direito que convida cinco alunos brilhantes para estagiar em seu escritório. Juntos, eles se envolvem em tramas complexas de assassinato que até desafiam a polícia.
Onde assistir: Disney+
Mulher Rei (2022)
Filme baseado em fatos reais, com Viola Davis no papel de uma general africana que lidera um exército de guerreiras. É uma produção poderosa sobre resistência, ancestralidade e liderança feminina.
Onde assistir: Netflix
Imagem de capa: Divulgação/ 20th Century Studios
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