No limiar entre o pessoal e o social, o livro Entre a vida e a morte, há vários documentos de Michael Maia apresenta um mundo em que o governo regulamenta uma droga capaz de proporcionar uma experiência única instantes antes do último suspiro: a possibilidade de reencontrar amigos e parentes falecidos e, talvez, até mesmo Deus.

O impacto dessa descoberta levou a um “Grande Surto”, quando milhares de pessoas decidiram tirar a própria vida usando o novo narcótico. Diante desse fenômeno, o governo passou a controlar rigorosamente seu acesso, levantando questões inquietantes: quem tem direito à droga? Quais vidas o Estado pretende abreviar? Por que os centros de atendimento nunca aparecem nos bairros mais nobres?

A narrativa de Michael Maia

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A trama acompanha Luzia e Tânia, um casal diagnosticado com câncer terminal que decide interromper o tratamento e se candidatar ao uso da droga. Antes de mais nada, a decisão impacta profundamente suas famílias, especialmente Antônio, irmão mais velho de Luzia, que trabalha justamente na estatal responsável por avaliar os pedidos de acesso à substância.

Então, mais do que uma história ambientada em um cenário distópico, Entre a vida e a morte, há vários documentos convida os leitores a refletirem sobre as escolhas que fazemos e como lidamos com o fim da vida. Para Maia, a escrita serviu como um processo de cura. “Passei pelo luto enquanto escrevia e, em alguns momentos, me vi no personagem Antônio. O livro se tornou parte desse processo de elaboração”, conclui.

O futuro do autor na literatura promete novas experimentações criativas. Seu próximo projeto é um livro de terror-comédia protagonizado por personagens LGBTs. Inspirado por vivências e músicas dos anos 2010-2015, o novo trabalho promete um tom nostálgico e divertido, explorando a cultura pop e os desafios da comunidade LGBT com humor e ironia. Ainda em fase de pesquisa, o projeto reafirma a versatilidade de Maia como escritor.